AS MÃES POUCO ESCOLARIZADAS COMO SUPORTE PARA JOVENS DA ROÇA TEREM ACESSO E PERMANECEREM NO ENSINO SUPERIOR
Resumo : Tese de doutorado Tatyanne Gomes Marques
Um pé na roça - outro na universidade: experiências de acesso e permanência de jovens mulheres da roça na universidade do estado da Bahia (UNEB)
O texto analisa o papel das mães como mulheres rurais pouco escolarizadas como suporte para que suas filhas tenham acesso e permaneçam no Ensino Superior. A análise é feita a partir de narrativas produzidas em situações de entrevistas semiestruturadas com dezessete jovens que tiveram acesso a diferentes cursos de graduação em dois campi da Universidade do Estado da Bahia (Uneb). São os dados dessas entrevistas que permitem compreender como as mães atuam para que tenham, por via da escolarização, oportunidades diferentes daquelas que elas tiveram/têm de vivenciar nos contextos rurais. A revisão da literatura utilizada na pesquisa permite analisar de maneira comparativa as condições enfrentadas pelas mulheres rurais da geração das mães e das filhas e apontar o investimento na escolarização como um futuro promissor para as mulheres da atual geração.
“É porque, de uma certa forma, ela queria me dar o que ela não teve oportunidade, sabe?”
Na tentativa de analisar essas questões, este texto coloca em emergência as jovens mulheres da roça no campo de estudos sobre as mulheres, especificamente sobre aquelas dos contextos rurais, cujas ausências foram produzidas nos registros da história e da pesquisa. Para isso, a análise aqui apresentada toma por base a revisão de literatura sobre mulheres rurais e sobre juventude, bem como extratos das entrevistas realizadas com dezessete jovens que fazem diferentes cursos de graduação em dois campi da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o Campus I (localizado em Salvador) e o Campus XII (localizado em Guanambi). As referidas entrevistas foram realizadas no ano de 2016 e 2017 e compõem a pesquisa mais ampla já citada. Neste texto, portanto, analisamos apenas as passagens que nos ajudam a responder às questões apresentadas anteriormente. Nessa perspectiva, a interpretação das condições das jovens mulheres da roça é feita em sua relação com as condições das outras mulheres rurais, das mães e delas próprias como filhas. Portanto, é por meio das entrevistas com as jovens universitárias que as referências às condições de vida das suas mães são apresentadas. Assim sendo, os dados primários são as narrativas das filhas. A análise dessas narrativas evidencia como suas mães, mesmo com pouca ou nenhuma escolaridade, atuam como suportes para o acesso e permanência de suas filhas no Ensino Superior.
Fonte:https://www.scielo.br/j/edur/a/GCvCNmhdsWmD47z8XBqFcyM/?lang=pt
Espero que esta pesquisa dialogue com os debates que faremos
ResponderExcluirA identidade é um importante elemento para se visto, entendido e praticado como fator inclusivo para a educação. As mães com pouca escolaridade e mesmo querendo oferecer para filhas o que não teve oportunidade, é um fator relevante para essa busca de valorização das meninas e sua manutenção no ensino superior. O sentimento de "não lugar" demonstrado pelas entrevistadas de já não ser como era antes quando estão na roça, e também não terem esse lugar na universidade é uma demonstração da dicotomia dos espaços por elas frequentados. Esse não pertencimento é ao mesmo tempo uma mudança, mas uma angustia para muitas. É preciso o respeito a diversidade, mas também de acolhimento em ambos os espaços dessas meninas "da roça" e exige das mesmas uma atenção a esse sentimento e não pertencimento.
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