EDUCAÇÃO DO CAMPO É DIREITO E NÃO ESMOLA
Caldart (2004, p.149) expõe que “ NO: o povo tem
direito a ser educado no lugar onde vive e DO: o povo tem direito a uma
educação pensada desde o seu lugar e com a participação dos atores sociais do
campo, vinculada à sua cultura e às necessidades humanas e sociais”. Neste
sentido, é preciso lutar para que os filhos (as) dos (as) campesinos (as)
trilhem os caminhos do saber e avancem na concretização dos seus sonhos, para
isto a educação No/Do campo é fundamental.
Destarte, a
composição do militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais, Gilcivan Santos, nos alerta para a reivindicação dos
povos campesinos por uma educação no território onde vivem e que seja
emancipatória, “Não vou sair do campo
pra poder ir pra escola. Educação no campo é direito e não esmola”
Neste sentido, vamos ouvir a canção de Gilcivan Santos na voz e violão de Lyon R. Amorim, o qual reside em Anagé, município rural, e que integra a luta pelo direito a educação no/do campo.
No texto “Paradigmas da Educação do Campo: um olhar a
partir dos estudos Pós-coloniais Latino-americanos” dos autores Silva;
Mainar; Silva e Silva, é fruto da articulação de três pesquisas de mestrado em
andamento no ano de 2014 e teve como
objetivo “compreender os
Paradigmas Educacionais presentes na educação ofertada aos territórios rurais”.
Este artigo
nos proporcionou refletir em sua leitura a identificação de dois Paradigmas
existentes na literatura da área: o Paradigma
da Educação Rural, cuja referência é a matriz colonial de poder e o Paradigma
da Educação do Campo, onde a referência se constitui nas especificidades dos
povos do Campo.
Porém, foi destacado através das pesquisas dos autores que os paradigmas que são relevantes a serem discutidos ainda em profundidade são: o Paradigma Rural Contra-Hegemônico que apresenta a oferta de uma educação de maneira assistencialista, tecnicista e compensatória para que estes sujeitos campesinos permaneçam em seus territórios mas vinculados a uma agenda urbana de desenvolvimento e o Paradigma da Educação do Campo Funcional que apresenta aos campesinos uma educação específica e crítica, contribuindo para a valorização e sentimento de pertencimento do campo sem ter a necessidade de se deslocar do campo para obter uma formação de qualidade através do empreendedorismo e/ou agronegócio.
Dentre os autores encontrados na pesquisa, destaca-se Mignolo
(2005,2007), que fala sobre Decolonialidade, Diferença Colonial, Pensamento de
Fronteira, Desobediência Epistêmica; e os autores Tubino (2005) e Walsh (2008,2009)
sobre Interculturalidade Funcional e Crítica.
Durante a leitura, pode-se perceber várias vertentes dos
estudos Pós-Coloniais:
· Necessidade de afirmação política, social,
cultural e epistêmica dos povos historicamente silenciados pela
Modernidade/Colonialidade, dentre eles os povos campesinos.
· Anglo-saxônicas, no qual surge da experiência
colonial de sujeitos de nacionalidades variadas que ajudaram a
institucionalização destas discussões nos países centrais, sobretudo Estados
Unidos.
· Pós-Coloniais Europeus, que para Santos (2010),
dentre os países colonizadores existem formas de dominação hegemônicas e
periféricas ou mesmo países colonizadores.
Na vertente Pós-colonial Africano Crítica a construção
moderna da subalternização das populações africanas, que teve como critério as
questões étnico-raciais. E, nesse sentido, Caetano (2007) destaca a utilização
das velhas categorias modernas, que tem servido historicamente à dominação, ou
seja, opressor e oprimido.
Nos Estudos Pós-coloniais, para Barbosa (2010), nasce como
uma resposta ao fracasso civilizacional da modernização indiana. E, a principal
dessas destas afinidades é o lugar de protagonismo dos povos e territórios
historicamente silenciados na leitura da realidade.
Nos estudos Pós-coloniais Latino-americanos, surge com as
lutas dos movimentos sociais, na América Latina, sobretudo, Indígena, Negro,
Feminista e Campesino.
Na pesquisa realizada pelo autor, Quijano (2005), permitiu compreender
que nos estudos Pós coloniais Latino-americanos o processo de construção das
duas primeiras identidades históricas continentais da Modernidade eram: América
e Europa. E a construção destas identidades geoculturais ocorrida sob a lógica
do Colonialismo eram sustentadas por dois pilares interdependentes: A
Racialização e a Racionalização.
Para Lemos (2013), houve a reivindicação de Sujeitos de
Direitos territoriais, culturais e epistêmicos, mas, de maneira conflituosa pelo
fato de os movimentos de resistência lutaram/lutam em prol da reforma agrária.
Na colonialidade do Ser, a condição de não ser é imposta
aos sujeitos do Campo através de estereótipos de atraso e de ignorância que
discriminam e impõem a não contestação da referência urbana instituída. De
acordo com os eixos da Colonialidade, os sujeitos não podem, não sabem e não
são, portanto, seus territórios de origem são significantes, sendo assim
passíveis, o que aumenta quando tratamos de exploração.
Entre os Movimentos Sociais que protagonizam atitudes
Decoloniais, os Movimentos Sociais Campesinos são destacados, ao tomar a terra
como elemento central de suas lutas, e na articulação de outras dimensões
constitutivas como a educação, o trabalho e a cultura nas resistências ao
modelo colonial/capitalista/urbanocêntrico. Nesse contexto, Fernandes e Molina
(2004) defendem que trabalhar na terra e tirar dela a subsistência, exige
conhecimentos que são construídos nas experiências cotidianas e na escola.
DA SILVA, Janssen Felipe et al. PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO: UM OLHAR A PARTIR DOS ESTUDOS PÓS-COLONIAIS LATINO-AMERICANOS. Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 22, n. 2, p. 09-38, dez. 2014. ISSN 1982-9949. Disponível em: <https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/view/5100/3680>. Acesso em: 18 set. 2021. doi:https://doi.org/10.17058/rea.v22i2.5100.
Na verdade, são mais de 20 anos. Caldart escreve seu texto em 2009. Os desafios de 2015 para cá só aumentaram, vocês não acham?
ResponderExcluirSim pró. Ainda hoje, não vejo efetivação na pratica da Educação do Campo em muitos municípios do nosso interior. O campo tem sido visto de forma diferente, há uma valorização a mais do viver no campo hoje, mas a educação ainda não se faz presente da forma como gostaríamos. Ao menos é o que observo em minha região.
ExcluirSegundo Caldart (2009. p.39), a Educação do Campo nasceu como crítica à realidade da educação brasileira, particularmente à situação educacional do povo brasileiro que trabalha e vive no/do campo. E Conforme a mesma autora Caldart et al. (2012, p. 259-260):
ResponderExcluirO surgimento da expressão ‘Educação do Campo’ pode ser datado. Nasceu primeiro como Educação Básica do Campo no contexto de preparação da I Conferência Nacional por uma Educação Básica do Campo, realizada em Luziânia, Goiás, de 27 a 30 de julho 1998. Passou a ser chamada Educação do Campo a partir das discussões do Seminário Nacional realizado em Brasília de 26 a 29 de novembro 2002, decisão posteriormente reafirmada nos debates da II Conferência Nacional, realizada em julho de 2004. Assim, temos um contexto de Educação do Campo com mais de 20 anos de luta, sendo os movimentos sociais os protagonistas dessa luta.
Nos últimos anos, a população campesina vem enfrentando grandes desafios diante das investidas ultraneoliberal, por meio do agronegócio, as quais deslegitima e criminaliza os atos de reivindicações das garantias dos direitos do povo do campo. Exemplo dessas investidas estão o fechamento em massa das escolas do campo, sendo um dos primeiros atos do presidente Jair Bolsonaro a extinção da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI/MEC) pelo Decreto nº 9.465, de 2 de janeiro de 2019, que tinha como objetivo assegurar o direito à educação com qualidade e equidade e políticas públicas educacionais voltadas para a inclusão social. Portanto, estamos em tempos sombrios, em que impera o avanço capitalista em detrimento de políticas públicas votadas à população campesina, sendo o agronegócio uma das principais ameaças aos seus direitos de acesso, dentre outros, o direito à Educação de qualidade.
A canção de Gilvan Santos na voz e violão de Lyon R. Amorim traz uma letra crítica que traduz a complexa realidade instalada pelas contradições entre o direito dos camponeses em poder frequentar a escola no seu espaço de vida e sobrevivência, pois, a “Educação do campo é direito e não esmola”. E o capital que negligencia o direito do individuo em estudar, crescer e sobreviver com dignidade. A letra da música conversar com a discussão do texto de Roseli Caldat “educação do campo: notas para uma análise de percurso”. O texto aborda analises a cerca da situação contemporânea da realidade da educação do Campo no contexto político, onde vivemos em um tempo de urgências, momento esse que eclodem um cenário de crise estrutural da sociedade capitalista. Tal cenário exige posição prática, e política de todos aqueles que defendem Educação do campo. Retomando a letra da música, que revela um amplo e visível movimento de luta pelo direito irrestrito á escola, nos leva a pensar na importância da luta de movimentos sociais pelo projeto de educação das populações camponesas no Brasil. Desta forma, Caldat (2009) afirma que os protagonistas do processo de criação da Educação do campo são os movimentos sociais camponeses em estado de luta. Historicamente os movimentos sociais constróem caminhos e percursos de resistência a inúmeras tentativas neoliberais de fragilizar os paradigmas dessa modalidade que atende as especificidades e respeita a identidade do homem e mulher do campo, essa luta vem sendo traçada a logos debates. Os desafios encontrados como: falta de infraestrutura, formação continuada para professores, recursos, materiais didático, fechamentos de escolas, falta de políticas públicas voltadas para a permanência daqueles que vivem no campo, contribuem para as problemáticas sociais do campo. Nesta perspectivas os movimentos sociais, cobram, mobilizam e questionam o sistema por transformações, lutando assim, para que o estado atenta a sociedade por sua vê excluída e muitas vezes marginalizada terem o mínino direito à dignidade essenciais para igualdade e bem estar social.
ResponderExcluirNesse cenário precisamos reafirmar a Educação do Campo como direito nosso e dever do Estado
ExcluirO eixo de colonialidade repercute na dicotomia entre urbano e rural, sendo este subalternização e o primeiro privilegiado. Segundo o texto a colonização de poder estipula um padrão de dominação que se firma por meio de hierarquias subalternizadoras tais como: raça, gênero, lugar, padrão social, entre outros.
ResponderExcluirEm dialogo com a aula anterior foi possivel sintetizar que o movimento sem Terra é um dos idealizadores da educação do campo desde o primeiro ENERA (Encontro Nacional de Educadores da Reforma Agraria) movimentos sem-terra que foi um articulador aconteceu em 1997, pensar uma educação do campo por todos sujeitos que estavam participando do evento, esse termo “Educação do Campo “ só existe no Brasil, nos demais país da América Latina da Europa vai continuar chamando” Educação Rural “ esses países utilizam esse termo de forma crítica , de forma conservadora que é o mesmo que usamos aqui como Educação do Campo.
ResponderExcluirÉ conceitual o termo “Do campo” que trata da organização vinculada ao modo de vida da criança em seu território, local onde se relaciona com o mundo de forma específica. "No campo" é por causa da necessidade de garantir que ela tenha acesso à Educação de qualidade em um lugar que seja o mais próximo possível de sua residência.
Após a aula de hoje, 20 de setembro, cheguei à triste conclusão que, pelo menos aqui no município de Vitória da Conquista, nunca houve EDUCAÇÃO DO CAMPO. Permanecemos na EDUCAÇÃO RURAL, uma educação hegemônica pensada e construída de forma verticalizada dentro dos gabinetes da secretaria, pois a única proposta voltada ao Campo (2007) não contou, em sua elaboração, com os sujeitos campesinos, os maiores interessados nesse processo. Houve, aqui, uma lógica de apropriação dos conceitos e não um movimento contra-hegemônico defendido pelos movimentos sociais que rompesse com a lógica do enfrentamento ao sistema capitalista mesmo tendo, por 20 anos, um governo progressista à frente do município. Se no estado da Bahia, dos 417 municípios, apenas um (Arataca) trabalha na perspectiva de Educação do Campo no Assentamento Terra Vista, afirmação feita pela profª Arlete, então não há como apontar avanços ou mudanças e, sim, que se apropriar de conhecimentos e lutar contra o sistema para sair do estado de aparência para o da essência de uma proposta que seja, de fato, voltada para os anseios do povo campesino.
ResponderExcluirShirley Lauria
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ResponderExcluirViemos descobrindo/aprendendo, aos poucos e com os estudos que nos comprometemos a realizar, seja como professores, militantes educadores populares ou demais profissões e seres humanos engajados na luta por uma Educação do Campo, que a EDUCAÇÃO DO CAMPO É DIREITO E NÃO ESMOLA. No entanto, na prática nas escolas no campo e do campo, se efetiva uma educação rural, urbanocentrica que não respeita, dialoga, reconhece, e eu diria que as vezes nem conhece os princípios e pilares de uma educação do campo. Esta que como crítica a realidade educacional brasileira, porque não é apenas escola é além disso, um projeto de formação e transformação social e emancipação humana dos sujeitos do campo e também da cidade, porque pensa o campo como totalidade. Quando cheguei na escola que atuo atualmente, me agoniei com essa questão do trabalho que tem sido desenvolvido na escola, que recebe em sua maioria alunos oriundos da zona rural e mesmo os alunos do distrito que tem sua economia situada em torno do trabalho no campo, ser a educação rural que não reconhece as especificidades desses sujeitos. Nem tais sujeitos parece ter consciência de seus direitos. Por isso, no trabalho de pesquisa que estou iniciando, optei por um trabalho de educação popular com as associações comunitárias rurais, nesse trabalho de base e de movimento social, movimento coletivo, como o objetivo que este trabalho reflita na escola. Entendendo que a Educação do Campo é movimento de luta com esses sujeitos protagonizando. E como eles vão realizar esse movimento de protagonizar se tem aprendido que a educação que lhes serve, que é boa, que é válida, é essa, educação urbanocentrica? Houve sim avanços legais, mas vivemos tempos de retrocessos que nos chama a resistir e esperançar, e estarmos bebendo em fontes teóricas e discussões em coletivos são um desses caminhos pra trilhar esse caminho do esperançar. No entanto, buscar efetivar práticas ainda que miúdas em prol dessa educação faz-se necessária, e urgente. Avancemos, ainda que em pequenos passos, mas não paremos, por que transformação se faz com saber e acima de tudo com atitudes.
ResponderExcluirRoselane Queiroz da Mota
Para início de conversa, parabéns aos colegas do grupo 03 pelo riquíssimo material a ser comentado por todos nós discentes da Disciplina Educação do Campo e Popular. Viva a cultura do povo nordestino. Viva o cordelista Gilcivan Santos por ter traduzido a Escola do/no Campo que todos nós oriundos do Meio Rural, da roça, das brenhas queremos e desejamos. Ele nos mostra através dessa fabulosa e encantadora cultura que é preciso mudar a escola que temos. É preciso pensar numa escola que estabeleça uma relação com a terra, pense no modo de produção, preserve o meio ambiente, que trabalhe com a auto estima das comunidades, a identidade, as memórias coletivas, as formas de compartilhar e construir o desenvolvimento local sustentável. É preciso reafirmar o sentimento de pertença do Gilcivan Santos: “Não vou sair do campo pra poder ir pra escola. Educação no campo é direito e não esmola”.
ResponderExcluirDiscente: Edjaldo Vieira dos Santos (PPGE/UESC)
Acerca do questionamento proposto pelo grupo: O que na prática mudou ou avançou na educação do povo campesino nesses 20 anos de existência da Educação do Campo?
ResponderExcluirAs ricas aulas e textos propostos pelas professoras Drª Arlete Ramos e Tatyanne Marques podem nos orientar para algumas pistas que se aproximem das possíveis respostas devidas.
Sabemos que a Educação do Campo ainda não ocupa o seu lugar de destaque nas atuais políticas curriculares do Brasil. Um exemplo disso, foi no processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A Educação do Campo vem sendo um espaço de fragilidade e desapreço, tanto na BNCC quanto nas políticas públicas para as populações residents do campo. Porém, já obtivemos graças aos Movimentos Sociais avanços significativos: obtenção dos marcos legais/normativos, programas educacionais e a abertura dessa pauta nas universidades, nas licenciaturas, mestrados, doutorados, cursos de extensões, fóruns de educação e política de formação continuada.
Hoje, em termos de legislação, além da LDB, temos também uma Resolução com Diretrizes Operacionais que, de acordo com Molina e Sá (2012), legitima as experiências existentes e abre espaço para a construção de novos projetos que busquem uma transformação da escola do campo. Não se trata de “fórmula mágica” para o sucesso escolar do campo, mas compreendendo-a como um fator primordial e essencial para o desenvolvimento de uma formação para a cidadania, para gestão democrática e para um projeto emancipador no âmbito da sociedade do campo.
As Diretrizes representam um avanço na Educação Básica do Campo, uma vez que propõem a elaboração de “propostas pedagógicas que valorizem, na organização do ensino, a diversidade cultural e os processos de interação e transformação do campo” (BRASIL, 2001, p. 25).
Vamos na luta, na esperança e na militância por uma política de educação do/no campo de qualidade social, valorizando o fazer e o saber da terra. Como diz Cora Coralina em sua poesia O CÂNTICO DA TERRA:
Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado e certeza tranquila ao teu esforço.
(...) A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste e o pão de tua casa.
E um dia bem distante a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio tranquilo dormirás. (...)
Discente: Edjaldo Vieira dos Santos (PPGE/UESC)
A educação do campo é uma conquista da luta dos movimentos sociais para que possa ser realizada de maneira efetiva e com eficácia, mas a luta ainda é grande, pois a maioria dos município assim como em Vitória da Conquista - BA, a educação ainda é uma educação rural no campo. Não tem atendido aos anseios das comunidades campesinas. Lembrando que essa educação voltada para as especificidades da realidade campesina não é uma esmola, mas um direito garantido na Constituição de 1988. É uma educação que tem como prática pedagógica a pedagogia da alternância e essa deve ser realizada de maneira a valorizar os conhecimentos ancestrais das práticas campesinas.
ResponderExcluirPensar na educação do campo é pensar também na agroecologia no modelo contra hegemônico de produção do capital. O cerne da educação do campo está na emancipação humana, na educação libertadora.
Ao buscar responder o questionamento feito, é preciso pontuar que não percebemos muitos avanços em nossas escolas de educação básica, pois o que se ver, na maioria dos municípios, é a continuidade da Educação Rural, mesmo que às vezes mudam o nome para Educação do Campo, no chão da escola, o que acontece é a manutenção de uma educação construída dentro das secretarias de educação, ou seja, uma educação que não respeita as especificidades do povo campesino.
ResponderExcluirTodavia, se considerarmos as políticas públicas criadas a partir da luta dos movimentos sociais de trabalhadores do campo houve avanços, como: a aprovação das Diretrizes Operacionais da Educação do Campo; a criação do Procampo (Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo); a criação do Pronacampo (Programa Nacional de Educação do Campo); dentre outros. Políticas estas, que legalmente asseguram a implementação da Educação do Campo.
Assim, o que se faz necessário, como diz Caldart, é a “democratização da Educação do Campo”, e isso será possível com continuidade da luta para romper com esse modelo desenvolvido em nossas escolas, garantindo de fato a educação do e no campo, pois “Educação do campo é um direito e não esmola.”
Euza Souza Sampaio Silva
A Educação do Campo é um movimento de resistência, que se relaciona diretamente com a classe trabalhadora/ movimentos sociais que resiste ao capital, e entende o seu papel enquanto sujeito na transformação da realidade. Eu vejo que esse debate iniciado na primeira conferência mas que inicia muito antes por que para ter a conferência alguém idealizou de forma coletiva, a Educação do Campo é uma construção coletiva que tem suas conquistas ao longo desse tempo foi possível avançar mais o diálogo, aprovação das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, a instituição da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão SECADI, e as Licenciaturas em Educação do Campo, mestrado, Escolas da Terra e a ampliação de estudos sobre essa realidade. Embora nesse tempo de golpe perdemos também a SECADI, e outras conquistas, o Estado burguês tem mostrado a sua força, e a educação tem sido cada vez mais mercadológica o currículo das escolas do campo ainda é urbanocêntrico, precisamos continuar resistindo, adquirir conhecimento para enfrentar o estado capitalista pois a Educação do Campo é um projeto de país.
ResponderExcluirVale destacar que temos um programa muito importante que é o FORMACAMPO que está presente nos territórios baianos como um processo de formação continuada para os professores das escolas do campo, evidenciando a importância da mesma para os sujeitos do campo. Partindo da elaboração do Projeto Politico Pedagógico para a construção da identidade da escola.
ExcluirO efeito das políticas públicas e das afirmações de identidade e de pertença, geraram uma noção de consciência de ser e impõe uma mudança na estratégia educacional, contemplando a diversidade. Os movimentos sociais, ajudaram também a impor uma educação transformadora, uma desobediência epistêmica, onde as velhas práticas foram questionadas e ameaçadas, por estarem a serviço da dominação do ser, a serviço do opressor. A opressão do ser, visando caracterizá-lo como não-ser quando não se enquadra no estereótipo urbano. O povo do campo ainda tem feridas abertas, chagas constantemente magoadas pelo agronegócio, pelo capitalismo, pela indiferença. A Educação do campo avança principalmente quando combate o colonialismo que se sustentava pela racialização e racionalização, buscando valorizar as pessoas no seu lugar de origem e ajuda na luta constante de reivindicação de direitos territoriais, culturais e epistêmicos. Assim a educação do campo se no campo, porque a educação acontece onde está a pessoa que quer aprender. Que se faça as oportunidades!
ResponderExcluir"Educação do Campo é direito e não esmola", essa frase carrega nas suas entranhas uma luta válida, justa e necessária. Sou moradora e professora do campo, e só passei a ter acesso as informações acerca da importância e das especificidades da Educação do/no Campo em 2019, quando comecei a lecionar numa escolha de assentamento (MST). O meu desconhecimento desses direitos não é algo isolado, muitos de nós campesinos desconhecemos os nossos direitos, e por isso ficamos inertes frente aos desmandes políticos e locais. Por isso é importante compartilhar e debater no maior número de espaços possíveis sobre o "direito a educação do/no campo".
ResponderExcluirPensar em uma educação emancipadora, requer uma leitura clara da realidade e de maneira particular se insere a realidade do povo campesino e a necessidade de uma educação no/do campo esta possibilidade já vem sendo articulada pelos povos do campo através de variadas vivências e com destaque maior com a atuação dos movimentos sociais do campo como o MPA, MST dentre outros autores e autoras do campo se traduzindo a nível internacional na Via Campesina, essa luta por mudanças de concepção enquanto práticas de caráter econômico, político, cultural e social para um novo modelo de sociedade que rompa com as práticas do capitalismo, que em suas contantes crises, produz suas próprias "soluções", para que haja uma nova proposta de sociedade esta passa também pela educação, neste ínterim, está a construção de novas bases no fazer pedagógico em uma perspectiva emancipatória, este contributo já está sendo semeado pelos movimentos sociais através de uma proposta de uma educação no/do campo, mas que no decorrer foi apreendido e pautado pelo capital no contexto das políticas públicas, neste cenário a representação do Capital no campo o agronegócio tem tentado moldar e transgredir o sentido original de Educação do campo, tentando dá a roupagem de educação rural, neste embate tanto o texto de Roseli Caldart: Educação do campo: notas para uma análise de percurso como o texto: Paradigmas da Educação do campo, um olhar a partir dos estudos Pós-Coloniais Latino-Americanos apresentam reflexões acerca deste embate do modelo da Capital e os Movimentos sociais para a educação que se almeja parta o campesinato, neste contexto de enfrentamentos histórico, está a experiência emancipadora do fazer educação no/do campo. Que tenhamos enquanto classe trabalhadora e de maneira particular professores e professoras do campo a sensibilidade de compreender, apreender e praticar Educação do campo em uma perspectiva emancipatória, de mudança na forma e conteúdo das atuais propostas pedagógicas e de currículos postas pelo Capital que ousemos "entrar na jaula do tigre para apanhar suas crias", só assim, estaremos aptos a contribuição de uma educação emancipatória que por conseguinte venha a romper com as bases do capitalismo, rumo a inauguração de outra sociedade onde a verdadeira justiça social, econômica, política e cultural de fato seja para todos e não privilégio de alguns.
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ExcluirDiscutir sobre a Educação do campo hoje, e buscando ser fiel aos seus objetivos de origem, nos exige um olhar de totalidade, em perspectiva, com uma
ResponderExcluirpreocupação metodológica, sobre como interpreta-la, combinada a uma
preocupação política, de balanço do percurso e de compreensão das tendências de futuro para poder atuar sobre elas. Um vez que , na educação do campo , sua natureza e seu destino estão profundamente ligados ao destino do trabalho no campo e, consequentemente, ao destino das lutas sociais dos trabalhadores e da solução dos em-
bates de projetos que constituem a dinâmica atual do campo brasileiro, da
sociedade brasileira, do mundo sob a égide do capitalismo em que vivemos