Educação do Campo: povos indígenas; agroecologia e a luta contra-hegemônica

 
 

A educação é um espaço de disputa, na qual não existe neutralidade, todos os silêncios frente as especificidades dos diversos povos do campo, são posicionamentos políticos de coadunação com a desigualdade imposta. trazemos neste post alguns textos e poesias que embora inicialmente parecam desconexas, a partir de uma observação aprofundada permitirá que você, caro leitor, reflita sobre a sua posição nesse jogo de poderes no qual nos encontramos.

 

Fonte: Mídia Ninja

O agrotóxico mata o povo e alimenta o capital

Através de discursos adocicados, o veneno é posto à mesa do trabalhador:

O uso de agrotóxicos só traz vantagens para os produtores, os consumidores e a economia de nosso país. Com eles temos o aumento da produtividade e a redução de perdas econômicas, pois eles protegem nossas plantações contra pragas, doenças e ervas daninhas, e com o aumento da produtividade produzimos mais em menos áreas, garantindo o abastecimento de alimentos para a população, contribuindo para a estabilidade nos preços e combatendo a fome.”

Para a Teia dos Povos, a "Agroecologia" é o resgate à forma como nossos ancestrais cultivavam e se relacionavam com a terra e com o seu modo de vida. De outra maneira, a "Agroecologia" e seus saberes tradicionais vêm como proposta prática e política ao enfrentamento da imposição capitalista e seu modelo devastador em todos os sentidos e da ameaça constante da reprodução da vida. Entender a agroecologia no sentido amplo dentro de uma perspectiva da soberania e emancipação humana, é entendê-la como elemento basilar que se entrelaça à uma educação popular que transforma a realidade a partir das suas práticas cotidianas, e, em especial, da especificidade da educação do e no campo, da educação indígena, quilombola e das marés refletindo como estes saberes chegam na formação dos sujeitos que vivenciam e realizam suas práxis na produção da sua existência. 

 Agroecologia, urgência para manutenção da vida 

Soneto da terra ferida

 

Em terras ancestrais brotou a dor,

não foi da semente o canto erguido,

mas sim do veneno em pó, sem cor,

que o fazendeiro espalha no descuido.

 

O rio que era claro perdeu sabor,

o peixe se cala em fundo esquecido,

a mata definha, o ar perde o frescor,

e o chão sangra em silêncio oprimido.

 

Mas do clamor da aldeia se levanta

a voz antiga, firme resistência,

que à vida e à memória sempre encanta.

 

E mesmo que o veneno seja sentença,

a terra insiste, verde ainda canta:

semeia luta, e colhe consciência

 

- Povos originários nos ensinam como a educação tem o potencial de formar sujeitos transformar as nossas vidas – Pedro

[...]A educação escolar indígena sempre foi desenhada de fora, apropriando-se de valores e culturas em benefício da nação - não dos indígenas - ou simplesmente anulando, desvalorizando ou utilizando-os em seu desejo de padronizar todos os cidadãos, independentemente de seus idiomas. (Viana, 2024 P. 72)

 O diálogo e o envolvimento das comunidades indígenas são fundamentais para o desenvolvimento de políticas e práticas educacionais que sejam culturalmente atenciosas e atendam às necessidades e expectativas desses povos. É importante reconhecer a diversidade cultural e respeitar o conhecimento indígena tradicional, buscando construir uma educação que respeite e fortaleça a identidade indígena. (Souza, 2001).(Viana, 2024P. 80)

A prática pedagógica não é única dos espaços de movimentos sociais, indígenas, quilombolas, pescadores, marisqueiras, ou seja, dos sujeitos da educação do e no campo, e nem tão pouco elemento exclusivo da educação escolar e seus espaços, ela é a soma dos esforços coletivos dos sujeitos e suas intencionalidades coletivas de mudarem e transformem uma dada realidade. [...](Viana, 2024 p. 80)

A esperança brota quando cada criança ali educada entende seu papel no processo de luta, quando saem das aldeias e carregam para onde forem uma aldeia e seus ensinamentos dentro si, quando estes adentram nas faculdades, nas universidades e afins e buscam melhores formações, colocam no centro do debate o respeito e a existência dos povos originários tão negados nas literaturas, nas matrizes pedagógicas, nos planos de curso, de componente curricular, mas, que eles agora estão nestes espaços e lá também é uma aldeia em luta. (Viana, 2024 P. 133)

 - Cordel – Mila 

 

No campo jogaram veneno

Dizendo ser a solução

Mas matam bicho e o terreno

Trazendo só destruição

Vai secando a natureza

Envenena a correnteza

Plantam morte no sertão.

 

O lucro fala mais alto

Quem sofre é o agricultor

Com câncer, tosse e salto

Do preço sem ter valor

E a comida da feirinha

Já vem com dose daninha

Que o povo nem sabe a dor

Mas o agrotóxico mina

A vida com seu terror. 

 

Do campo vem a fartura

Com mão forte e coração

Plantando com mais ternura

Sem veneno e com paixão

A comida é mais sadia

Tem sabor, tem harmonia

Nasce limpa do sertão

Orgânica é poesia

Colhido com devoção. 

 

É justo valorizar

Quem trabalha a terra quente

Do suor vai se tirar

Alimento para muita gente

Com respeito e garantia

O campo é soberania

Não é coisa do ausente

Agricultura é sabedoria

É o futuro no presente

 

Com carinho eu venho dizer,

Dessa estrada que a gente pisou,

A Arlete, com luz a acender,

E aos colegas, que tanto ajudou.

Com saber e afeto a crescer,

Cada encontro a gente guardou,

Foi semente que soube florescer,

Num saber que o campo abraçou

 

“Se o campo não planta, a cidade não janta”

"Educação do Campo: direito nosso, dever do Estado e compromisso da comunidade"

"Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular!"

Palavras de ordem: Geysa

 

REFERÊNCIAS

CALIBAN. cinema e conteúdo. FILME: O Veneno está na mesa II, 2014. YouTube, 24 de abr. de 2014. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=fyvoKljtvG4>. Acesso em: 01 set. 2025

 

SANTOS, Arlete Ramos dos; BARBOSA, Lia Pinheiro; ROSSET, Peter Michael. Apresentação do Dossiê Temático. Práxis Educacional, Vitória da Conquista, v. 13, n. 26, 2018. Disponível em: <https://periodicos2.uesb.br/praxis/issue/view/239>.   Acesso em: 15 set. 2025.

 

VIANA, Carlos dos Santos. Práticas pedagógicas das Escolas do Arco, da Flecha e do Maracá e suas inter-relações com a agroecologia. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-Graduação em Educação – PPGED, Vitória da Conquista, 2024.

 

Trabalho realizado por: Pedro Henrique Costa Mascarenhas, Geysa Novais Viana Matias, Judson Pereira de Almeida,  Vitor Guilherme Batista 


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