Olá caros colegas. O grupo 2 inicia as postagem trazendo esse vídeo de VIDA MARIA. Logo após o resumo da Tese de doutorado da nossa Professora Doutora Tatyanne Marques e para fechar, uma linda música do Arte em Movimento na Voz de Leci Brandão
Discentes: Edjaldo/Maurício/Josiane/Telma/Jane/Laiana
Disciplina: CIE
105 Tópicos Especiais em Educação:
Educação do Campo e Popular
Professoras Drª Arlete Ramos e Tatyanne Marques
Discentes da Disciplina Educação do Campo
e Popular, boa semana de estudos!
Antes de trilhar sobre a tese de Doutorado
da professora Tatyanne Marques, UM PÉ NA ROÇA - OUTRO NA UNIVERSIDADE:
EXPERIÊNCIAS DE ACESSO E PERMANÊNCIA DE JOVENS MULHERES DA ROÇA NA UNIVERSIDADE
DO ESTADO DA BAHIA (UNEB), vamos conhecer a disciplina de nossos estudos?.
Vamos lá!
Professoras Doutoras Ministrantes: Arlete
Ramos e Tatyanne Marques
A disciplina Educação do Campo e Popular
tem como ementa os estudos sobre a relação entre Educação do Campo e
Popular, dando destaque à diferença de Educação Rural e destacando o contexto
do território de disputa entre capital e trabalho, ou campesinato e
agronegócio. Conhecer as diversas formas de educação que se relacionam com os
movimentos sociais e educação popular. Políticas, programas e processos da
educação do campo e popular em diferentes contextos.
Seu objetivo geral é: promover o
debate crítico acerca das relações entre Educação do Campo e Popular, tendo
como centralidade as lutas entre capital e trabalho presentes no contexto do
campesinato e agronegócio, que orientam as políticas educacionais, subsidiam e
justificam a implementação da legislação na educação campesina.
Seus objetivos específicos são: compreender
a diferença entre Educação do Campo e Educação Rural; identificar a Educação do
Campo como território de disputa na sociedade capitalista; analisar iniciativas
de políticas públicas voltadas para o contexto da Educação do Campo;
compreender como a escola do campo enfrenta os desafios no contexto
capitalista; compreender o papel da Educação conservadora/emancipatória no
contexto da sociedade capitalista e observar as políticas públicas para a
Educação do Campo nos contextos da Educação de Jovens e Adultos, Educação
Especial, Indígena, Campo e outros.
Iremos iniciar uma trilha em busca do
conhecimento acerca da Educação do Campo. Preparado (a)?
A trilha é um caminho ou estrada que podemos percorrer
andando, correndo, pedalando, em qualquer forma de locomoção, mas sempre em
movimento, e com muita atenção no caminho, para que possamos aproveitar e
conhecer ao máximo. Os seres humanos lutam sempre por uma vida melhor. Por
exemplos: Movimento Sem Terra (MST), MLT (Movimento de Luta pela Terra), dentre
outros que possuem seus tipos de organização, objetivos e construção de sua
identidade.
Fonte: Gilvan
dos Santos Souza
Disponível: Santos, Arlete Ramos dos. Educação do Campo/Arlete
Ramos dos Santos, Geovani de Jesus Silva, Gilvan dos Santos Souza, Ilhéus, BA;
Editus, 2013. Acesso em 08/09/2021.
Vamos
ler a letra canção "Para Soletrar a Liberdade" de Zé Pinto, cantada no CD Arte e
Movimento pela cantora Leci Brandão, e depois comentar as nossas impressões?
Tem
que estar fora de moda criança fora da escola,
pois
há tempo não vigora o direito de aprender
Criança
e adolescente numa educação decente
pra
um novo jeito de ser
pra
soletrar a liberdade na cartilha do ABC.
Ter
uma escola em cada canto do Brasil
com
um novo jeito de educar pra ser feliz
Tem
tanta gente sem direito de estudar
É
o que nos mostra a realidade do país.
Juntar
as forças, segurar de mão em mão,
numa
corrente em prol da educação
Se
o aprendizado for além do Be A Bá,
todo
menino vai poder ser cidadão.
Alternativa
pra empregar conhecimento
Movimento
já mostrou para a nação
desafiando
dentro dos assentamentos
Reforma
Agrária também na Educação.
§ Podemos
considerar a música um verdadeiro instrumento de educação?
§ A
letra dessa canção demonstra sua visão sobre a educação?
§ A
música mostra a preocupação do MST com o direito à educação. Quais versos
exemplificam essa afirmação?
Botando UM PÉ NA ROÇA - OUTRO NA
UNIVERSIDADE vamos dialogar sobre EXPERIÊNCIAS DE ACESSO E PERMANÊNCIA DE
JOVENS MULHERES DA ROÇA NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB), tese do
Doutorado da professora Tatyanne Gomes Marques.
A tese de Doutorado da professora Tatyanne
Gomes Marques é um verdadeiro filme da vida das jovens mulheres da roça na Universidade
do Estado da Bahia. Os elementos pré-textuais nos faz um convite: um olhar
sobre si mesmo, exemplo de encontro com sua identidade, uma superação entre
acesso, permanência e sucesso/conquista. Dos agradecimentos a conclusão da
tese, um verdadeiro “conhece-te a ti mesmo”.
Em sua tese, a professora objetiva compreender as experiências de
acesso e permanência de jovens mulheres da roça na Universidade do Estado da Bahia (Uneb).
Centrou a pesquisa em 17 jovens mulheres
que se identificam como da roça. A professora em sua pesquisa
tenta transitar pela linguagem para dizer das
experiências de acesso e permanência
de jovens da roça na UNEB, identificando o Ensino Superior como uma prova
estrutural na realidade brasileira e
baiana que é vivida como provação nas condições interseccionadas que compõem o perfil das jovens da roça como mulheres,
negras, pobres, do interior dos interiores. Essas jovens, para chegarem e estarem na universidade, precisam
conjugar e saber manejar o uso de suportes
institucionais e por fora da instituição, assim como apoios
relacionais/pessoais.
Convidamos
você a fazer a leitura da tese no link: https://repositorio.ufmg.br/bitstre
am/1843/BUOSBBPFV2/1/tese___tatyanne__impr ess_o_.pdf.
Na parte 1 da tese ela faz um encontro consigo
mesmo, constrói o filme da sua vida escolar, uma espécie de autobiografia: “da condição de jovem da roça à pesquisadora: um encontro com as questões
de estudo”.
Um convite especial!
Leia novamente a letra da canção Para
Soletrar a Liberdade de Zé Pinto, cantada no CD Arte e Movimento pela cantora
Leci Brandão e revisite o capítulo 1 da tese Um pé na roça - Outro na
Universidade e comete o questionamento: qual a relação entre a canção e o
objeto de estudo da tese? Que riqueza de informações a tese nos mostra? Quem
são as jovens do campo que acessam e vivenciam a experiência universitária?
Por
meio das entrevistas, principal procedimento de produção dos dados nesta tese e
pela sociologia do indivíduo que a embasa, foi possível desenhar uma geografia
social que, ao chegar mais perto das jovens, exigiu repensar as categorias
utilizadas por mim (jovens rurais; jovens do campo) e pela instituição (jovens
do interior) para identificá-las.
A
roça, portanto, emerge como uma categoria teórica nesta tese, reivindicada
pelas interlocutoras da pesquisa, e como tal se aproxima das elaborações feitas
por Fábio Josué dos Santos (2003, 2006, 2008) e Jane Adriana Vasconcellos
Pacheco Rios (2011), pesquisador e pesquisadora da Bahia que, em seus
trabalhos, também sentiram a necessidade de explicar essa identidade
territorial manifestada pelos diferentes sujeitos com os quais dialogaram em
suas investigações nos rurais da Bahia.
Jovens mulheres da roça e universitárias: perfil das
colaboradoras da pesquisa
É o sinal que a chuva chega no sertão
Toda menina que enjoa da boneca
É sinal que o amor já chegou no coração
Meia comprida, não quer mais sapato baixo
Vestido bem cintado não quer mais vestir gibão
Ela só quer, só pensa em namorar
Ela só quer, só pensa em namorar
De manhã cedo já tá pintada
Só vive suspirando Sonhando acordada
O pai leva ao doutô A filha adoentada
Não come nem estuda, Não dorme, nem quer nada
Ela só quer, só pensa em namorar
Ela só quer, só pensa em namorar
Mas o doutô nem examina
Chamando o pai de lado Lhe diz logo em surdina
Que o mal é da idade Que pra tal menina
Não há um só remédio Em toda medicina
Ela só quer, só pensa em namorar Ela só quer, só pensa em namorar.
Esta
composição, “O xote das meninas”, faz parte da música popular brasileira e
principalmente nordestina. Estabelece uma analogia entre os ciclos da vida do
mandacaru e da menina para dizer que quando esta enjoa da boneca, muda seus
modos de vestir e seu estado emocional, torna-se moça (jovem). Neste sentido, a
juventude é compreendida como um ciclo natural da vida demarcado pela condição
de sexo/gênero. Sabe-se que a mulher se torna jovem, moça, por aspectos
relacionados a uma representação do feminino que se caracteriza pelo uso do
sapato alto, da roupa que marca o corpo, da maquiagem e dos sonhos de
namoro/casamento.
Pelas suas
condições de vida na roça, demarcadas pelo ser mulher, as jovens interlocutoras
da pesquisa não tiveram tempo de ficar sonhando acordadas, de só querer e
pensar em namorar. Para apresentar os perfis das 17 jovens da roça e universitárias
colaboradoras desta pesquisa, utilizo nomes fictícios como forma de
resguardá-las e atender ao que recomenda a resolução
466/12 que trata da proteção devida aos participantes das investigações
científicas envolvendo seres humanos. Ressalto, entretanto, que os nomes
escolhidos representam um modo de homenagear mulheres não fictícias que
ocuparam/ocupam espaços na universidade e nos rurais.
Portanto, reafirmo que a intenção foi dar destaque a mulheres dos dois principais espaços pelos quais as jovens entrevistadas transitam: a roça e a universidade. Centrei em mulheres do contexto nordestino, principalmente da Bahia, com o propósito de evidenciar algumas das que compõem a cena social nesse lugar do Brasil onde as jovens pesquisadas vivem.
A autora traz dados alarmantes sobre a dicotomia entre jovens de baixa renda e jovens das classes média a alta, em relação ao ingresso e permanência aos cursos de graduação. Enquanto os mais afortunados têm opções de escolhas por cursos diurnos, que lhes trarão além de bons retornos financeiros, status e prestígios, os jovens de classe menos favorecidas, quando conseguem adentrar e permanecer nas IES, escolhem cursos de licenciaturas e de preferência, que possam cursar a noite, pois dependem do trabalho para se manter. Salientando que esses indivíduos, em sua maioria é composto de mulheres e de negros evidenciando os cursos nas IES por classe, cor e gênero.
“Aos trancos e barrancos”. Termo usado por uma das jovens da pesquisa retrata o
universo de isolamento e poucas chances das jovens da roça, adentrar e concluir
o curso de graduação. Pelos estudos apontados na Tese, historicamente no Norte,
Nordeste e Centro- Oeste de Brasil a quantidade de IES é muito inferior ao
Sudeste e sul. Imaginemos que se são poucas vagas para os urbanos, as
possibilidades para os campesinos são muito menores.
Nas narrativas das jovens esse processo inicia no
Ensino Fundamental, pois quanto mais longe se vai em anos estudados, mais
difíceis se tornam cursar as etapas seguintes. A cada etapa as escolas do campo
fecham ou não oferecem a continuidade na comunidade, forçando-os a deixar de
estudar ou quando conseguem a muito custo, migram para as comunidades vizinhas
ou para a zona urbana, sofrendo uma série de desventuras. De preconceitos,
segregação, rotulação de os Topzinhos e os da roça, a isolamentos sociais as
adaptações se deram a duras penas.
“As
instituições educacionais desconhecem a cultura da roça.” A cidade não dialoga
com o campo nem falam a mesma língua. Apesar de ser o mesmo país, o mesmo
idioma, as jovens da roça sofrem com a linguagem urbana, assim como não são
entendidas nos termos usados no campo. De utensílios da lida a divisão de
trabalho os termos coloquiais pertencem a mundos distintos. Outro choque é o
ensino de língua inglesa logo nos anos finais do Ensino Fundamental nas escolas
urbanas, sendo mais um dos empecilhos de adaptação.
Outro ponto de enfrentamento se dá a partir dos corpos
das jovens amadurecerem e chegarem na puberdade. Nesse momento passam a serem
assediadas pelos motoristas dos transportes, que se sentem em direitos
hierárquicos, transformando esses momentos de viagens em assédios sexuais.
Da escola a Universidade os problemas continuam os
mesmos em relação a compreensão e diálogos e se alargam nas condições
financeiras para permanência e conclusão de curso. Muitas famílias tem como
única fonte financeira fixa o auxílio do bolsa família, pois muitos dos pais,
sendo lavradores, não obtiveram os benefícios de aposentadoria. Isso vinha a
acarretar para as jovens, trabalhos e estudos dificultando as frequências em
aulas e tornando muito mais desafiador a sua permanência na Universidade. Nesse
contexto uma das jovens narra em sua entrevista que “percebe que a universidade
oculta e silencia os diferentes e as diferenças que os indivíduos chegam e
trazem para dentro da instituição.”
A autora inicia essa parte da dissertação contextualizando sobre o
panorama de participação de tentativas das participantes mulheres no ingresso a
seleção no Enem, ainda a dificuldade de ingresso na Instituição universitária
pelo Sisu, devido a redução de matrículas, desta forma apenas 02 das entrevistadas
deram entrada através do Sisu, das quais tiveram acesso ao ensino superior por
processos seletivos. A narrativa prossegue com a descrição da dificuldade do
Exame Nacional do Ensino Médio e a análise das participantes em diversos
sentidos, dos quais atribuem mais uma etapa seletiva desde a etapa de inscrição
e prazo, acesso e habilidades tecnológicas, conteúdos distantes da realidade
vivenciada, insuficiência de modelos preparatórios avaliativos para a prova. As
participantes relatam a dificuldade para ingressar na universidade através dos
vestibulares, visto que exigem o pagamento de inscrições, além do custo e
deslocamento ao local da prova. A autora sinaliza os indivíduos em ação –
individuação (p.176) que através da abertura de oportunidades através da etapa
seletiva de prova, além de outras adversidades, as quais ultrapassam o acesso e
a permanência, como sentimento de frustração e condições financeiras para
manutenção desta condição desafiante de permanência. O resultado chega em
formato de aprovação, mas a incerteza diante tantas tentativas e
circunstâncias, não permitem o sorriso largo no rosto, associada a lembrança do
tempo de chuvas, dado simbólico, marcado pelo início de águas no em
determinadas regiões, assim como as datas natalinas que propiciam a relação com
a alegria experimentada por um longo período de espera, a alegria e a tristeza
elencada em contradições evidenciadas pelas incertezas além da aprovação. Além
disso, condições de gênero potencializam a superação societária de morar longe
da família para estudar em um lugar geográfico diferente, assim como
deslocar-se, adaptar-se e afirma-se em determinado local. Ainda, o
deslocamento, locomoção e imposições de gênero relacionado ao âmbito feminino,
em meio ao desgaste físico e emocional, além da ausência estrutural e
dificuldades impostas pelo deslocamento expressas pela permanência exigida para
conclusão do curso, aos quais sinalizam circunstâncias distintas e
economicamente entre as participantes, que os relatos ressaltam as dificuldades
e privações para permanecer no curso e concluir.
As narrativas das jovens entrevistadas revelam as dificuldades que os estudantes que residem na roça enfrentam para que seu direito de uma condição de permanência deixei de ser condições econômicas adversas. Causando privações pelas condições sociais objetivas que são vidas de modo subjetivo com as desigualdades sociais. Se as condições econômicas não possibilitam que a participação dos discentes a permanecer no Ensino Superior. As jovens são obrigadas a desenvolver a arte estratégica de refletir cada ação e encontrar meios de contornar os obstáculos para se manter na universidade. A co- permanência foi uma das maneiras encontradas pelas discentes para se manter estudando. Os discursos e práticas meritocracias tentam invisibilizar as diferenças e desigualdades. Nas Universidades, mesmo com as políticas de democratização implementadas ainda causa espanto. Os preconceitos historicamente construídos no Brasil sobre os povos da roça que se manifestam nas entrevistas ainda se fazem presentes na Educação Básica e que se mantem no Ensino Superior. Assim sendo, não distante as jovens da roça tinham na dimensão publica da UNEB um suporte dos mais relevantes para cursarem a graduação, veem se confrontado pelos desafios da permanência.
https://www.google.com
As bolsas como suportes: do Bolsa Família à assistência estudantil
A autora discute a
importância do programa Bolsa Família para as jovens que são provenientes da
roça e estão no Ensino Superior. As bolsas são suportes materiais de grande
ajuda para a continuidade dos estudos. No texto, atém do programa Bolsa
Família, são abordadas outras bolsas que os estudantes podem ter acesso que
ajudam no processo de estudo na Universidade. A exemplo são citadas Bolsas
Auxílio permanência e Auxílio residência administradas pela Pró-Reitoria de
Assistência Estudantil (Praes); as bolsas de monitoria de ensino; pesquisa e
extensão administradas respectivamente por suas pró-reitorias; as bolsas do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid/Uneb); as
bolsas do Programa Estadual de Permanência Estudantil (PPE), conhecido como
“Mais Futuro”.
Das 17 meninas entrevistadas pela professora, 11 tem
mães que recebem o benefício da Bolsa Família, dessa forma, desde a inscrição
no vestibular, o pagamento dos carros para deslocamento até os locais de provas
e, ainda no final do curso, as jovens da roça fazem uso desse apoio. Diante dos
custos e dos valores do benefício serem baixos, as jovens recorrem a
outras bolsas para complementarem sua
renda e garantirem a permanência no curso, como as bolsas de assistência
estudantil da Praes.
Algumas jovens que fizeram parte da pesquisa, são
conhecidas como residentes, quer dizer, que têm acesso ao suporte da residência
universitária e que não tinham outra bolsa ou estágio remunerado, essas recebem
um suporte institucional de duzentos reais mensais, durante oito meses do ano
correspondente aos semestres letivos.
Algumas bolsas são suporte que precisam de provas, ou
sejam, são suportes revestidos de provas. No relato das jovens que participaram
da pesquisa processo de inscrição da UNEB é burocrático, elas precisam provar
suas condições de vulnerabilidade social através de um sistema que as exclui
justamente por essas condições.
É colocada a necessidade de simplificação do processo,
de ampliação das bolsas e os critérios possam contemplar mais estudantes, além
de seguir de maneira adequada com o edital, com informações mais claras e
regularizar o pagamento das bolsas. Outro fator é a conciliação das bolsas com os tempos de vida e os tempos da
universidade, quando um jovem participa desses projetos, o tempo se torna
curto, o que agrava mais ainda a situação de necessidade de suporte que as
jovens da roça tem, que as fazem ter que ir atrás de outras bolsas.
Segundo as jovens da roça,
as bolsas de iniciação científica não seguem um edital com critérios
delimitados, onde o processo é identificado com um jogo que começa na sala de
aula, na relação professor-aluno, que em muitas das vezes dentre os bolsistas
selecionados prevalecem os brancos; com trajetória escolar regular, não marcada
por reprovações, ocorrida no turno diurno. Uma das estratégias usadas por essas
alunas e se colocarem como voluntárias de projetos, para chegarem à condição de
bolsistas de IC. Essas bolsas são avaliadas por uma participante da pesquisa
como mais rica que a de ensino por ter oportunizado algumas coisas a mais,
novas portas, novos horizontes.
A casa “dos
outros”: um suporte por fora da instituição para se manter por dentro
A casa “dos outros”, ou seja, a casa que não pertence
à família nuclear das jovens da roça é um suporte o qual elas precisam contar
para concretizarem o direito à escolarização. É um importante recurso para que
essas jovens possam permanecer em seus estudos. Além desse suporte, outro muito
comum era as pessoas que davam suporte a essas meninas, pessoas essas que eram
sustentações visíveis ou invisíveis, que davam ajuda material e simbólica para
que essas jovens pudessem concluir seu ciclo de estudos.
Dos suportes pessoais, a centralidade está nas mães,
que experimentaram condições juvenis muito diferentes das que suas filhas vivem,
como o acesso ao ensino. Muitas delas, se desdobravam para ajudar na
permanência dessas alunas na sala de aula. Portanto, as mães, e também os pais,
são suportes que operam mesmo a distância sustentando subjetivamente suas
filhas universitárias. Estas atuam pensando no orgulho que seus suportes
sentirão. A fala deles (pai e mãe) é eco presente.
Outro suporte citado são as estudantes residentes, que
funcionam como uma ajuda umas as outras. Nos relatos essas jovens, coloca que
essas moças foram inventivas, ajudando no empoderamento uma das outras.
Essas jovens da roça, partir do acesso e permanência
na universidade, vão se constituindo como suportes, principalmente na inserção
nos movimentos estudantis, elas e as demais ascendem a esse lugar ao se tornarem
universitárias, são suportes de modo consciente ou não.
https://www.thehansindia.com
Por fim, hora de semear para colher!...
Por fim, a professora fala dos entre-lugares, que se
situa nos espaços de encontro das fronteiras culturais, geográficas, que formam
os interstícios. Nos entre-lugares criados pela migração da roça para a
universidade, da universidade para a roça, as jovens participantes do estudo
nem se afiliam e nem se convertem totalmente em universitárias, mantêm-se
estranhas na universidade onde vivem tensões do início ao fim.
Nesse entre-lugar com um pé na roça e outro na
universidade, as jovens se revelam insurgentes — por isso, sementes — que
exigem pensar no Ensino Superior como uma prova que precisa ser revista.
A autora nos convida a semear...
“Semear mais políticas públicas, e de modo mais fino,
ouvindo as demandas dos indivíduos. Políticas que democratizem ainda mais o
acesso e a permanência no Ensino Superior para todos e todas. Políticas que
democratizem a universidade “por dentro” dela mesma, envolvendo desde os/as
reitores/as até os docentes, discentes e técnicos. Políticas que dialoguem com
a Educação Básica. Políticas que expandam mais instituições nos “interiores dos
interiores” para que sejam mais próximas e territorializadas. Políticas
focalizadas na Educação Superior nas universidades, públicas, gratuitas, de
qualidade e socialmente referenciada. Políticas que não se restrinjam à
propaganda de universidade popular e inclusiva, enfim, políticas que possam ser
usufruídas nas experiências dos indivíduos”.
https://www.youtube.com/watch?v=JOxP144bjl4
Do filme: Vida de Maria à capitulação feitas pelos colegas da tese: Um pé na roça – outro na Universidade da professora Tatyanne Gomes Marques, há de fato uma riqueza na síntese realizada pelos colegas. Da produção acima destaco o papel que é relegado as mulheres na sociedade, em particular as mulheres da roça, onde a cultura patriarcal e a dimensão de gênero são elementos cruciais para se entender o papel a que essas mulheres são submetidas desde a infância à vida adulta. Mas há que se destacar a luta dessas mulheres que conseguem chegar aos bancos das Universidades e que resistem a todo um processo de invisibilidade e que não só se mantém, mas não perdem sua identidade, seu lugar de fala "sou da roça", incomodam e desnudam uma Universidade que para além do slogan " inclusiva e popular" entende a partir de suas vivências de jovens mulheres universitárias, que esta Instituição precisa ir além da propaganda e amplie sua prática através de políticas públicas de acesso e permanência daquelas e daqueles que de fato necessitam deste apoio no ambiente universitário. Bom as sementes para um novo pensar por meio desta importante tese de doutorado: Um pé na roça – outro na Universidade, foram lançadas, cabe a todos que que tiveram acesso a essa rica leitura, o processo de cuidado em sua prática cotidiana, fazer com que os frutos deste trabalho se amplie rumo a uma Universidade verdadeiramente democrática, inclusiva e popular.
ResponderExcluirÉ isso. A ideia é que se ampliem os frutos desta pesquisa e de outras!
ExcluirFoi uma riqueza participar das atividades dessa semana. O grupo foi muito integrado. Gostei muito do que foi planejado, estudado. Muito aprendizado.
ExcluirEdjaldo Vieira (UESC).
O filme Vida de Maria retrata muito bem a vida de inúmeras mulheres que vivem na roça ou são de classe baixa. Elas até tentam iniciar os estudos, mas as atividades domésticas vão tomando conta de todo o seu tempo, pois quando solteiras cuidam dos afazeres da casa para os seus pais e quando percebem já estão envolvidas num relacionamento, muitas das vezes, pensando que saindo da casa dos pais poderá sobrar algum tempo para elas mesmas.
ResponderExcluirQuando casam, a rotina continua, cuidando agora do esposo e dos filhos.
Muitas têm o sonho de concluir seus estudos, mas encontram impedimentos no caminho, ora escolas distantes do lugar onde residem, precisando ir para outros lugares que muitas das vezes é difícil de se manter financeiramente, ora precisam ajudar os pais na sua rotina.
Muitas mulheres deixam o seu sonho morrer como visto no filme.
Algumas depois de casadas e com seus filhos já a adultos voltam para a escola para terminar os estudos, ou seja, retomando um sonho antigo.
Na minha vida como docente encontrei algumas mulheres com essa vivência relatada acima, e ao encontrá-las relatam que concluíram o Ensino Médio, outras que estão cursando uma graduação e que estão realizando o sonho de chegar tão longe, em um lugar, em que de todos os irmãos, somente ela chegou.
Para que outras mulheres possam chegar “mais longe” temos de lutar pela ampliação e efetivação de políticas públicas. Vamos juntas nesta luta?
ExcluirO vídeo, no início da reportagem deixa bem claro a dura e realidade vivida pelas meninas, moças e mulheres no Campo, no qual, ao buscar uma vida melhor para si, encontra dificuldades na própria família e no meio onde vivem. São meninas que tem sonhos, anceios, desejos e, devido às dificuldades encontradas, são desafiadas a terem foco no que quer sem esquecer de vista o contexto social, cultural e econômico onde estão inseridas. E nesse mesmo contexto eu venho destacar as seguintes mulheres citadas na tese da autora e professora Tatyanne: Margarida, Maria Augusta, Dandara, Rita, Eliizabeth, Maria Rita, Maria Bonita , Maria das Dores, Maria Felipa , Ana Alice, dentre tantas e tantas mulheres que vivem realidades semelhantes. Vejam que são mulheres que tem sonhos, ajudam suas mães nas tarefas domésticas, algumas delas com problemas familiares, no qual sofrem com a separação dos seus pais; e isso acaba gerando um certo transtorno na vida delas e no seu próprio desenvolvimento, quando, nesse impacto acabam vivendo com suas mães e cuidando dos seus irmãos menores, além de estudar . E em outros casos, observa se a luta dos pais para ajudar suas filhas a ingressarem na faculdade , além de encararem o desafio da identidade afirmativa dentro da faculdade através da cor e local onde vivem; e Santos (2006) fala um pouco desse comportamento desses jovens, devido a ausência de escolas no campo e que os mesmos desejam garantir seu direito à educação e são migrados a migrarem ou saírem do campo para morar na cidade . Por aí, notamos que algumas delas tiveram que contar com terceiros nessa busca incensante de realização de sonhos. Outro fator importante foi o apoio das Cotas e Bolsas Família para ajudar pelo fato de onde , segundo o relato delas através da pesquisadora , terem sofrido impactos com a seca e outros fatores naturais presentes no local. Para a autora, cursar a faculdade, foi um grade desafio devido as dificuldades encontradas, mas que não deixou de tornar em realidade. Nota se que a grande maioria das famílias que vivem no campo são numerosas pela quantidade de filhos. E profissão para as mulheres é vista como dona do lar, ou seja, nesse fator vejamos a desvalorização do papel da mulher no seu próprio lar. Ela é, além de mãe, esposa, companheira, psicóloga, amiga, médica, ou seja, um pouco de tudo. Mas, que para a sociedade não passa de Dona do Lar. E Freitas e Leão (2011) trazem importantes aspectos , ao relatar que é no período da juventude dos filhos /as de agricultores familiares que surgem questionamentos sobre o ficar na propriedade dos pais ou sair para estudar na cidade. Ser agricultor ou mudar de profissão.
ResponderExcluirDiante da abordagem realizada pelos colegas na postagem a cima, podemos fazer uma analogia entre a tese a professora Tatyanne Gomes Marques e a curta metragem “Vida de Maria”. Ambas trás uma alusão das adversidades enfrentadas pela mulher na roça, que em virtude de inúmeros fatores como: O ciclo familiar que considera o indivíduo apenas um braço a mais para o trabalho; a falta de conhecimento que leva a desvalorização da educação; a quase obrigatoriedade da mulher em formar família e a ausência de escolas no campo, coadunam com os impactos sofridos pelas mulheres do campo em sua grande maioria a não ter acesso a educação.
ResponderExcluirO curta narra à história de uma menina chamada Maria que logo em seus primeiros anos, tem o vigor, a vontade e o brilho nos olhos em aprender, no entanto a visão cultural da sua família, mais especificamente da sua mãe a desmotivou. Maria Por sua vez ao longo da sua trajetória continua a reproduzir a lógica da não compreensão da importância da educação na vida social de um individuo, reproduzindo essa postura retrograda, porém cultural, aos seus próprios filhos, assim afirmando, a desvalorização da educação como um ciclo que perpetua desigualdades e reforça a pobreza.
Já a tese “Um pé na roça - outro na universidade: experiências de acesso e permanência de jovens mulheres da roça na universidade do estado da Bahia (UNEB)”, como o nome já sugere, traz um estudo com 17 jovens mulheres da roça, e suas condições e desafios estruturais do cotidiano para ter acesso e permanecer na universidade. A pesquisa trouxe que os campesinos que desejam garantir seu direito à educação são obrigados a migrarem por um turno ou saírem do campo para morar na cidade. Nesta busca por conhecimento as jovens mulheres são as que mais almejam, por meio da escolarização, um futuro fora da agricultura e, ao mesmo tempo, diferente da geração das mulheres que são suas mães e avós. Essa busca se deve, pois o trabalho feminino no campo encontra-se invisibilizado e pouco valorizado, visto que todo seu trabalho no campo é visto como ajuda, isto explica o porque do grande contingente de trabalhadoras rurais sem remuneração, isto é, as mulheres trabalham, mas não usufruem a independência que a renda monetária propicia ao trabalhador masculino.
"— Maria José. oh, maria José, tu não tá me ouvindo chamar não, Maria? Tu não sabe que aqui não é lugar pra tu ficar agora? em vez de ficar perdendo tempo desenhando nome, vá lá pra fora arranjar o que fazer. vá. tem o pátio pra varrer, tem que levar água pro bicho. Vai menina, vê se tu me ajudas, Maria José."
ResponderExcluirEssa cena é forte demais. Maria José imediatamente baixa a cabeça diante do olhar duro que a encara, obedece prontamente a mãe e se dirige para o trabalho na roça. Coitada! Teve que abandonar os cadernos. Puxar água do poço não foi fácil.
Muita rigidez com a filha assim como a sua mãe fora consigo, Maria José dirige-se a única filha mulher, Maria de Lurdes, e faz um discurso semelhante ao que a mãe lhe fez na altura:
ResponderExcluir"em vez de ficar perdendo tempo desenhando nome vá lá pra fora arranjar o que fazer! tem o pátio pra varrer, tem que levar água pros bichos, vai menina! vê se tu me ajudas, Lurdes! fica aí fazendo nada, desenhando o nome" e assim, a partir do exemplo aprendido, a mãe outrora criança, passará o ensinamento a frente, desestimulando a filha das tarefas da escola e impulsionando-a para a lida no campo.
Que a menina "da roça" conquiste seu espaço e que do campo a cidade a educação em sua vida seja a prioridade.
O vídeo de Maria, mostra como é realidade das meninas do campo. Uma triste realidade que só pode ser modificada partir de uma educação que seja direcionada para as suas especificidades por isso, a pedagogia da alternância é essencial para a educação do campo, atendendo as necessidades de produzir para se manter, aprender para melhorar de vida e praticar os ensinamentos ancestrais, assim, com a simbiose entre os saberes há possibilidades de permanência no campo, de valorização da cultura para que se possa ter uma melhor leitura de mundo e participar ativamente das mudanças necessárias. É preciso que a educação seja para todos com direito garantido. É preciso políticas públicas de qualidade e que essas chegue par todos que delas necessitam. As "Marias" clamam por isso.
ResponderExcluirEste vídeo, Vida de Maria, retrata de uma maneira clara e objetiva a vida de boa parte da meninas da roça. Assim como relatada na tese da professora Tatyanne, os inúmeros desafios, os olhares desdenhados, a coragem de ir além, além do que esses muitos olhares nos impõe. Que as sementes que foram semeadas na tese nos impulsionem a ir adiante de uma luta que não pode cessar.
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ResponderExcluirSim. A música é também um instrumento que instiga a reflexão crítica através da sua letra/poesia e na letra desta canção "Para Soletrar a Liberdade", me chama especial atenção os versos que dizem “Se o aprendizado for além do Be A Bá, todo menino vai poder ser cidadão”. É isto, uma das lutas da Educação do Campo, que seus sujeitos tenham os seus contextos socioculturais reconhecidos no processo educativo, suas especificidades, suas diferenças observadas/vistas (como as jovens da roça) e também tenha acesso ao repertório dos conhecimentos historicamente acumulados, aos saberes sistematizados (conhecimentos escolares, acadêmicos, artísticos, culturais). Deste modo, reconhecendo as diferenças e a importancia de cada saber, sem hierarquiza-los, além tambem da garantia do direito a tais saberes é possível que os sujeitos do campo sejam reconhecidos cidadãos. Assim, queremos que o aprendizado seja além do BE a BÁ e que seja em dialogo com o povo, vinculado a sua cultura, suas necessidades humanas e sociais (Caldart, 2002) e não um conhecimento imposto que mais exclui (dificulta o acesso, a permanência e o sucesso) os sujeitos do campo das instituições (escolas, universidades) que vinculam ao saber sistematizado.
ResponderExcluirRoselane Queiroz da Mota
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ResponderExcluirAs discussões propostas nas postagens são reflexos de leituras, principalmente, da tese da professora Taty, todo esse movimento, de ler, refletir e criar me faz pensar na importância da narrativa das jovens mulheres da roça, que ao contarem um pouco de sua trajetória possibilitaram uma discussão política, social e humana.
ResponderExcluirFico feliz em saber que outras pessoas terão acesso a esse conteúdo, que se não em forma do texto(na íntegra), em forma de poesia, de correlações entre vídeos, músicas, dentre outros a partir da tese. Um pé na roça - outro na Universidade...uma leitura leve e necessária, de encontros e lembranças, de aprendizagens e angústias, de escolhas e esperança por dias melhores...
O curta Vida Maria nos leva a matutar acerca da vida, do estudo e do trabalho na condição feminina, seja na cidade ou na roça. Quantas Marias existiram e ainda existem que vivenciam essa situação de invisibilidade, de ausências de escolarização pelas suas condições precárias e pelas questões de gênero também, onde a mulher, nessa sociedade patriarcal, ainda é enxergada como aquela que será apenas dona de casa, esposa e mãe? Quantas Marias têm seus sonhos abafados por este lugar-comum que é dado à mulher? Quantas Marias, entretanto, ousaram e ousam romper com esse paradigma imposto a nós e metem o pé na estrada da vida em busca de seus objetivos e sonhos? A tese da profa. Dra. Tatyane nos apresenta algumas dessas Marias, dezessete jovens da roça que rompem a barreira de perpetuar a condição feminina vivida por suas mães, avós, tias, e rasgam esse rótulo partindo, agora, para o entre-lugar que está entre suas raízes (roça) e a universidade. Suas histórias, narradas quase que como poesia, mostram que elas derrubam as barreiras impostas desde sempre aos pobres dessa sociedade capitalista para escrever finais diferentes às suas histórias. A equipe foi muito feliz com a escolha desse vídeo, pois a tese da dra. Tatyane mostrou histórias de jovens que quebraram esse ciclo vicioso e trilharam outros caminhos, construíram suas próprias trajetórias.
ResponderExcluirShirley Lauria
O Curta “Vida Maria” retrata a vida de mulheres camponesas que tem suas infâncias roubadas e são preparadas para serem futuras donas de casa (mães). Percebemos que na juventude há um brilho no olhar da Maria, mas ao se casar, esse brilho desaparece e passa a assumir o padrão social, reproduzindo aquilo que se espera dela, uma vez que o casamento, segundo os padrões impostos, é o ápice para as mulheres do campo. Então, o tratamento dado a mulher é de submissão, numa condição de silenciamento, sendo privada do direito de estudar e se livrar do ciclo vicioso.
ResponderExcluirAo compararmos o curta com a tese da professora Tatyanne, reconhecemos que as 17 jovens da roça, pesquisadas por ela, ao adentrarem uma Universidade, quebra esse padrão e por mais que enfrentam desafios para permanecerem estudando, servem de inspiração e abrem portas para outras jovens da roça, vejam que isso é possível. Um fato que se difere entre o Curta e a tese e nos chama a tenção, é que as 17 jovens pesquisadas reconhecem em suas mães, um dos grandes suportes para o acesso e permanência delas na Universidade, fato esse, que a professora Tatyanne dá destaque em sua tese, e no curta, a mãe age reforçando a manutenção do padrão.
Quanto a música, em seu título “Para soletrar a liberdade” traz o significado do que foi para essas jovens acessar a Universidade, a liberdade, a quebra dos padrões, a garantia do direito...
Que continuemos a semear mais sonhos e, em nosso lugar de fala, lutar para que políticas públicas sejam criadas e cumpridas para que, de fato, haja a democratização da educação pública e de qualidade em todos os níveis de ensino.
Excelente reflexão colegas, vocês estabeleceram uma conexão perfeita entre a Maria do vídeo e as Mulheres das roças da Tese de doutorado da Professora Tatyanne Marques. Viver, ser mulher da roça e querer estudar/pesquisar é sinônimo de resistência e enfrentamento diário. E isso não é BONITO, FÁCIL ou ROMÂNTICO, mas, é necessário. Por isso precisamos continuar os movimentos coletivos de lutas e resistência.
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ResponderExcluirEdjaldo/Maurício/Josiane/Telma/Jane/Laiana, vocês fizeram um trabalho esplêndido, aumentou e muito a nossa responsabilidade. rsrsrs
ResponderExcluirAs reflexões certamente ajudarão numa tomada de postura que não deve ser oportunizada somente pela sororidade, mas sobretudo por um engajamento de toda a sociedade para que as marias possuam vez e voz.
Creio que a abordagem de você é irretocável, fica difícil até acrescentar algo.
A educação rural, criada com a intenção dos interesses do capital, pensa o campo como o espaço onde o capitalismo deve se estender. A qualidade de vida das pessoas, e a situação apresentada no curta metragem, Vida Maria, retrata exatamente isso,
ResponderExcluirmuito importa o capital. Como um grande moinho para moer gente, o campo e tudo que ali vive, vai sendo moído, sangue das muitas Marias se mistura com as árvores e terra para gerar o capital. Ao grande capital a educação do campo e popular parecem um abuso. Pensar educação do campo como possibilidade de gerar vida em plenitude para todas as pessoas que ali vivem, inclusive com a dignidade para fazer escolhas e não simplesmente obedecer o ciclo existencial capitalista que reduziu a existência da personagem Maria, em apenas mais uma pessoa sem poder fazer escolhas. "Tem que estar fora de moda, criança fora da escola"! O agronegócio engole toda natureza, inclusive as pessoas que ali vivem, e vomita tudo em forma de capital. A educação do campo como a grande possibilidade de ajudar na construção de mulheres e homens capazes de pensar vida numa perspectiva inclusiva e libertadora para gente e natureza.
O vídeo traz a reflexão do contexto de vivências das meninas da roça, que, muitas vezes, não tem outra opção, senão aquela de "fixar-se" na roça para poder contribuir seja com as tarefas domésticas, seja com as tarefas da roça, no cultivo, na colheita da plantação para a sobrevivência da sua família. Quando o Estado se exime da responsabilidade da oferta de uma educação de qualidade para os povos campesinos, muitas vezes sendo expressa pelo fechamento de unidades escolares na roça, a escolha dessas meninas torna-se cada vez mais restrita. A tese da prof.ª Dr.ª Tatyanne é de fundamental importância para entendemos os trajetos das meninas da roça que conseguem alcançar uma escolha diferente daquela que é posta no vídeo Vida Maria. A tese mostra o outro lado do "paraíso", quando essas meninas atingem o objetivo de poder prosseguir com os estudos, deixando para trás seus locais de origem e a cotidianidade da vida no campo, e os novos desafios que surgem, os quais, muitas vezes, fazem-nas desistir e retornar para a "Vida Maria", diante de tantas dificuldades enfrentadas, o que não foi o caso das meninas da roça participantes da pesquisa da prof.ª Dr.ª Tatyanne. Elas não desistiram, mas seus relatos nos trazem a reflexão da importância de políticas públicas que garantam o acesso e a permanência dessas estudantes na universidade pública, sendo que a assistência estudantil e a políticas de cotas para ingresso serviram como um aporte para essas meninas num cenário de enfrentamentos marcados pelo preconceito, machismo, racismo, insuficiência financeira e por suas condições de origem pelo fato de serem "meninas da roça", com seus trejeitos, o sotaque, o vestir-se, sendo condições que não levaram-nas a sentirem vergonha das suas origens, muito pelo contrário, elas se sentem orgulhosas dos espaços de onde se originaram, fato que ficou evidenciado na tese, quando essas estudantes se autoconsideram "meninas da roças".
ResponderExcluirVida Maria é um retrato de tantas mulheres da roça que ao longo dos anos, foi assim. Mas graças a tantas outras e aos movimentos isso vem mudando, hoje, mesmo com a luta das mulheres especialmente as 17 entrevistadas pela nossa professora, mesmo que não é uma trajetória pouco sofrida, mesmo assim, muitas mudanças vem ocorrendo e nós somos exemplo dessa mudança e estamos aqui para sermos agentes transformadoras de nossas localidades, região, país.
ResponderExcluirA vida no campo é dura, para os camponeses que dependem do pouco que conseguem produzir é muito pior. Ao longo do tempo o governo maquiou os programas e projetos de apoio a agricultura familiar. Liberou recursos com juros "baixos", capacitou agricultores, tudo a curto prazo. Isso não é proporcionar educação de fato e direito. Como o jovem campesino na sala multisseriada chegará ás academias? Infelizmente a realidade é retratada em Vida Maria.
ResponderExcluirAs mulheres camponesas tem uma força patriarcal muito presente em suas vivencias, ser mulher na cultura do patriarcado muitas vezes é ter o destino já demarcado o vídeo vidas Maria deixa claro essa realidade. Mas o patriarcado não é uma condição determinada é possível romper as barreiras como faz as integrantes da pesquisa de doutorado da Professora TATYANNE GOMES MARQUES, Um pé na Roça e outo na Universidade, sabendo que as condições dada para a permanecia na universidade é difícil.
ResponderExcluirAs publicações dessa semana trouxeram reflexões importantíssimas para a compreensão do papel da mulher campesina. Nós mulheres do campo carregamos em nossas experiências diárias culturas e "obrigações" sociais que estão para além do espaço campesino, que podem condicionar o nosso olhar para o mundo, o que torna em certa medida o acesso e permanência na academia uma luta árdua e complexa. As discussões e reflexões propostas pelas leituras solicitadas mudaram a minha forma de enxergar as minhas experiências pessoais e perceber as múltiplas determinações da vida de uma "mulher da roça."
ResponderExcluirA partir do curtametragem vemos os ensinamentos perdurarem e atravessarem gerações,de Maria para Maria.
ResponderExcluirMaria José e Maria de Lurdes são apenas duas dessa longa lista de Marias que perpetuam a cultura do trabalho e do não estudo no sertão. Falta de estudo essa que só cresce aoos fechamentos da escola do campo e cultura essa , que vem sendo assolada pelo implante de um educação rural as poucas escolas que ainda existem no campo.
É importante ficar claro a diferença entre a educação rural e a educação do /no campo. Onde a primeira pode ser entendida como aquela elaborada para atender às necessidades do capital, enquanto que a Educação do Campo representa os movimentos organizados do campo, a partir de uma proposta de educação construída por eles próprios.