Uma Educação que se preze, não pode ignorar o chão que pisa!
- Oh não! Mais uma arma?
De
vez em quando, contudo, armas velhas utilizadas em antigos
confrontos eram encontradas nos campos. Um dia, quando estava
cuidando da lavoura, o astuto camponês encontrou um saco cheio de ouro.
- Oia ! Isto é ôro?
Até
agora, o lavrador só tinha visto moedas de prata na sua vida. Ficou tão
espantado por encontrar todo aquele ouro, que quando começou a se dirigir para
a comunidade já estava escurecendo. Sua mulher outrora, já sentia a sua falta.
- Mas o que devo fazê com esse
ôro todo? Pensou o lavrador.
No
seu caminho para casa, o lavrador pensou em todos os problemas que essa súbita
riqueza poderia lhe causar.
- Hum, mas como poderia ficá com esse
ôro...? Tudo que era encontrado naquela região pertence ao Sr. Barão.
Por
determinações, para permanecer naquela terra, o lavrador teria que entregar o
ouro ao proprietário, porém decidiu que era muito mais justo ele ficar com o
tesouro:
- O Sr. Barão é muito rico e eu
sô pobre, preciso desse dinheiro mais que ele, por isso vou ficá e mudá a vida
de todos da comunidade.
Mas
percebeu que corria um grande risco se alguém descobrisse sua sorte.
- Não posso contá a ninguém sobre
isso, mas.... e minha muié? Ela pode falar para algum vizin, eu tô lascado. O
que eu devo fazer?
Ele
pensou muitas vezes no problema até encontrar uma solução. Antes de chegar em
casa, deixou o tesouro bem escondido perto da plantação de laranja e no dia
seguinte foi até a cidade e com parte do ouro comprou uns belos peixes, alguns
bolos e uma preá.
Mais
tarde, ao retornar para casa, que ficava numa comunidade camponesa cheia de
lavradores, disse a sua mulher:
- Pega sua cesta e vambora, ontem
choveu e a roça tá cheia de tanajuras.
- Eita danado, tanajura! Vambora,
deixa eu só pegá a cesta – disse a mulher
A
mulher que adorava farofa de tanajuras, pegou o seu cesto, que ali era fabricado
por eles, e seguiu com o marido. Quando chegaram na roça, o lavrador correu
para a sua mulher e gritou:
- Oia aquilo, muié !!!Encontramu uma
árvore cheinha de bolos.
E
mostrou-lhe os ramos da árvore carregados de bolo.
- Oia pro céu...tem é bolo naquela
árvore! Exclamou a mulher.
- Quem diria! De qualquer forma,
vamu atrás das tanajuras, porque se não o povo cata tudo.
A mulher
estava espantada e ficou ainda mais confusa quando, ao invés de tanajuras, ela
encontrou peixes espalhados em toda a roça. Enquanto de longe, o camponês
astuto, acha toda situação engraçada e gargalhando:
- HAHAHAHAHAH!!!
- Ara, mas o que tem de graça
nisso? Nunca vi plantação de peixe. É peixe na roça todinha!
- Hoje tamu é com sorte! Meu
finado avô sempre dizia que todo mundo tem um dia de sorte na vida, talvez
ainda hoje, nós conseguimos encontrar até um tesouro.
Além de muito falante e
inocente a mulher divertia o lavrador porque ela acreditava em todas histórias
que o marido fizera ser real. Não escondendo seu entusiasmo ao dizer enquanto
olhava em volta:
- Esse é o nosso dia de sorte! Esse é o
nosso dia de sorte, Homi!
Ela continuou encontrando peixes em
toda a plantação até que seu cesto ficasse cheio de peixes. E quando o casal ia
se aproximando das hortaliças, que fica próximo do rio, o lavrador correu em
sua frente, olhou para os arbustos, e disse:
- Ontem deixei varias redes de arapucas
na bêra do rio, agora vou vê se consegui pegar alguma preá.
Passando alguns, a mulher ouviu a voz
agitada do marido:
- Chega aqui, Muié! Veja o que consegui
pegá... Ôh sorte do diacho! Oia o tamanho desse preá?!
- Da um bom assado! Exclama a mulher.
E caminhando de volta para casa, a
mulher não parava de falar entusiasmada sobre o grande jantar que iam ter com bolos,
peixes e preá. O lavrador sorrindo, disse:
- HIHIHIH! Vamu voltá na roça, talvez
encontremo mais coisa...
- Ah! Sim, vambora! Já que hoje tamu é
com sorte.
E o casal, guiado pelo o astuto
camponês, foi até as plantações de laranja, onde o lavrador havia escondido as
moedas de ouro. E fingindo estar espantado, exclama fortemente:
- Noooooossa! Oia para isso muié!!!Eu num
tô acreditando no que tô veno... ali tem um balaio muito estranho e está cheio
de OURO!
- Por Deus, essa roça só pode ser
encantada...nós já encontramo bolo nas árvore, depois os peixe nas plantação e
agora... OURO!!!!
A pobre mulher estava tão animada, que
seus olhos encheram-se de lágrimas. Ela não conseguiu falar mais uma palavra
engolindo a seco toda situação enquanto tocava nas moedas brilhantes.
-Aaaahhh! Isso é tanto
ouro... e agora, é tudinho nosso?!
- Sim, meu amô! Tamu é rico.
Em casa, depois do jantar, nenhum dos
dois conseguiu dormir, o lavrador e sua mulher, não paravam de levantar para
olhar para o tesouro que havia escondido numa bota velha.
No dia seguinte, o agricultor retornou
para a lavoura e disse a sua mulher:
- Muié, num conte pra ninguém o que
aconteceu onti
- Mas é claro que não! Num
sô besta.
E ele repetiu a mesma recomendação nos
dias seguintes.
Em breve contudo, toda a comunidade,
inclusive o Barão, já haviam escutado falar do tesouro, pois uma criança
bisbilhoteira viu e ouviu pela janela todo a história sobre a roça encantada. A
mulher e o lavrador foram chamados na presença dos donos da terra e quando eles
chegaram até sua casa, o lavrador mostrando ter muito medo, escondeu-se atrás
da mulher, que foi questionada pelo Sr. Barão:
- Ouvi dizer que encontraram um
tesouro, isso é verdade?
Pouco antes de a mulher responder, a
criança toma frente e diz:
-Sim, Sinhô! Encontraram que eu vi pela
janela.
-Pode dizer me dizer, por favor, onde e
como?
- Num vi direito, sei que foi pelas
banda da roça.
A criança, que era muito atrevida, a
pedido do barão falou primeiro dos bolos, depois dos peixes na roça e por fim da
preá no rio. Entretanto, atrás dela, a mulher e o lavrador não paravam de
apontar o dedo para testa gesticulando para o Barão, mostrando que aquilo era
uma invenção de criança.
O barão começou a olhar para criança
sorrindo e achando toda situação engraçada, porém, pouco provável de acontecer.
Quando utilizada do sarcasmo para dá prosseguimento a história:
- E depois eu já sei o que aconteceu
... aposto que encontraram o tesouro também, hum?! Hehehe!
- Exatamente, meu sinhô! Disse a
criança.
O barão olhou para a mulher, e apontado
seu dedo para testa dizendo de forma compressiva:
- Percebo o que queres dizer,
felizmente, tenho uma criança como essa, muito criativa, um verdadeiro contador
de história
O casal foi mandado para casa e toda
aquela história foi resolvida. E dessa forma, eles não foram expulsos das
terras do Barão e todo ouro foi usado de forma sábia.
Pouco tempo depois, as lavouras foram atingidas por uma terrível praga que destruiu toda a plantação. O Barão, por ter tido muito prejuízo, resolveu vender as terras e mandar embora lavradores e lavradoras, que ali vivam em harmonia. O casal então, preocupados com a situação de seu povo, decidiu comprar e repartir aquelas terras de forma justa para toda comunidade. Lá , na Vila da Roça Encanta , foram construídas escolas, igrejas, associações e todos foram felizes para sempre.
ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA BONTEMPO - EFA
Quem
Somos ?
O
projeto Escola Família Agrícola Bontempo surgiu na década de 90, com iniciativa
do movimento sindical, que já discutia a importância da educação do campo para
os filhos e filhas de agricultores familiares. Após vários seminários e encontros
e detectada a grande quantidade de
jovens interessados em estudar, foi criado a assembléia para criação da
Associação mantenedora da Escola.
No
dia 26 de março de 2001, aconteceu na Fazenda Santa Luzia a 1ª aula da EFA
Bontempo com uma turma de 45 jovens de 23 municípios do Médio e Baixo
Jequitinhonha.
A Escola Família
Agrícola Bontempo é uma entidade constituída como entidade civil sem fins
lucrativos, de caráter cultural, educacional, beneficente e filantrópico.
Oferece o Ensino Médio e Curso Profissionalizante Técnico em Agropecuária à
jovens e adultos, filhos e filhas de agricultores e agricultoras familiares
oriundos de 23 municípios do Médio e Baixo Jequitinhonha.
A gestão administrativa da EFA
Bontempo é feita pela Associação Escola Família Agrícola do Médio e Baixo
Jequitinhonha – AEFAMBAJE foi fundada em outubro de 1999 por agricultores e
agricultoras familiares organizados em Sindicatos de Trabalhadores Rurais,
Associações de Assentamentos de Reforma Agrária e outras entidades ligadas ao
campo.
A EFA Bontempo é
signatária do movimento CEFFA – Centros Familiares de Formação por
Alternância - presentes com as mais diferentes denominações nos cinco
continentes do mundo este modelo
educativo tem suas origens na França, na década de 1930, do século passado.
Ele chegou ao Brasil no ano de 1968/69 e em Minas Gerais em 1984. Enfim, a EFA
Bontempo faz parte deste movimento internacional de educação do campo por
alternância. Hoje, são 20 EFAs em Minas, 145 no Brasil e 1.180 nos cinco continentes.
A EFA Bontempo tem por objetivos
promover uma formação integral de jovens e adultos e contribuir com o
desenvolvimento sustentável nos aspectos socioeconômico, cultural e ambiental,
através da educação por alternância, na perspectiva de empreender e implementar
tecnologias apropriadas para o convívio com o semi-árido nas comunidades
atendidas, tornando se uma forte aliada na luta pela cidadania e pelas
políticas públicas municipal, estadual e federal.
Para atingir seus objetivos a EFA
Bontempo oferta:
v
Curso Técnico em Agropecuária de Nível Médio,
prioritariamente, para jovens filhos e filhas de agricultores familiares de 23
municípios dos Territórios do Médio e Baixo Jequitinhonha;
v
Curso Técnico em Agropecuária de nível Médio na
modalidade de Educação de Jovens e Adultos – EJA.
v
Cursos de formação para as famílias associadas;
A contextualização dos materiais acima ( Conto,vídeo e músicas) mostra que a educação tem um papel muito importante na formação social e política na
sociedade. Conforme Saviani (2009, p. 45), a formação para a cidadania é
considerada tarefa da escola desde o século XIX. O processo de educar deve ser voltado
para equalização social para a haja a superação da marginalização da sociedade. No entanto, o país está vivendo um momento
muito difícil pois as instituições que devem estar a serviço da democracia e a
elevação da cidadania e a formação dos seus cidadãos, têm se colocado ao lado
do capitalista que implica na subordinação, exploração e elevação da
desigualdade social.
O
Estado como guardião dos direitos básicos da sociedade tem legitimado a
educação direito fundamental para elevação do conhecimento. Assim, a democracia
deixa de existir pois o Estado passa a ser um lugar de correlação de forças e a
exploração dos homens pelos homens que gera a disparidade social. Nesse sentido
a Educação do Campo surge tratando desta realidade que é desigual para a classe
trabalhadora deste país.
Desta
forma, vale alguns questionamentos, tais como: Qual a realidade atual da Educação
do Campo? Como percebê-la sem a forma autoritária e despojada de suas funções
públicas? Como pensar um currículo no
contexto da formação mercadológica e ao mesmo tempo, pautada em um discurso de
inclusão, diversidade? Desconsiderado a “construção histórica, social, cultural
e política das diferenças, realiza-se em meio às relações de poder e ao
crescimento das desigualdades e da crise econômica que se acentuam no contexto
nacional e internacional”. (GOMES, 2012, p.1 apud SANTOS e NUNES 2020, p 61) Como
pode o professor manter-se neutro, ou seja, não se posicionar diante da
realidade, social, política e econômica? A educação que é direito de todos tem
estado cada vez mais no status de cor relação de forças, pois de um lado temos
o poder econômico nas estruturas do Estado que cada vez mais exige avaliações
baseadas em rankings de outro lado
e temos os trabalhadores conforme afirma Caldart
(2009, 38),
Educação do campo nasce da tomada de posição,
age, desde uma particularidade e não abandona a perspectiva da universalidade,
mas disputa sua inclusão nela (seja na discussão da educação ou de projeto de
sociedade). Ela nasce da ‘experiência de
classe’ de camponeses organizados em movimentos sociais e envolve diferentes sujeitos,
às vezes com diferentes posições de classe.
A Educação do campo inicia sua atuação desde a radicalidade pedagógica
destes movimentos sociais e entra no terreno movediço das políticas públicas,
da relação com um Estado comprometido com um projeto de sociedade que ela
combate, se coerente for com sua materialidade e vínculo de classe de origem. Educação
do campo tem se centrado na escola e luta para que a concepção de educação que
oriente suas práticas se descentre da escola, não fique refém de sua lógica
constitutiva, exatamente para poder ir bem além dela enquanto projeto educativo.
A Educação do campo se coloca em luta pelo acesso dos trabalhadores ao
conhecimento produzido na sociedade e ao mesmo tempo problematiza, faz a
crítica ao modo de conhecimento dominante e à hierarquização epistemológica
própria desta sociedade que deslegitima os protagonistas originários da
Educação do campo como produtores de conhecimento e que resiste a construir
referências próprias para a solução de problemas de uma outra lógica de
produção e de trabalho que não seja a do trabalho produtivo para o capital.
Construtores do Futuro
Eu quero uma escola do campo
Que tenha a ver com a vida com a gente
Querida e organizada
E conduzida coletivamente.
Eu quero uma escola do campo
Que não enxerga apenas equações
Que tenha como chave mestra
O trabalho e os mutirões.
Eu quero uma escola do campo
Que não tenha cercas que não tenha muros
Onde iremos aprender
A sermos construtores do futuro. (bis).
Eu quero uma escola do campo
Onde o saber não seja limitado
Que a gente possa ver o todo
E possa compreender os lados.
Eu quero uma escola do campo
Onde esteja o símbolo da nossa semeia
Que seja como a nossa casa
Que não seja como a casa alheia.
Eu quero uma escola do campo
Que não tenha cercas que não tenha muros
Onde iremos aprender
A sermos construtores do futuro. (bis).
A
escola do campo que queremos deve, “adquire-se uma consciência crítica que
impulsiona para a ação/reflexão/ação, ou seja, para a superação da realidade
opressora. Isso só será possível a partir de uma formação humana capaz de
impulsionar para a transição como fundamental” (SANTOS e NUNES 2020, p 61),
compreender as relações objetivas e subjetivas e as condições materiais. A prática docente como lugares de produção de
conhecimento, e o professor como um profissional que reflete sobre a sua
prática e, nesse processo, produz saberes necessários à sua profissão. (SANTOS
e NUNES 2020,p.75) nesse sentido trazemos aqui a proposta da educação do campo e
da educação rural elaborado por Valéria
Prazeres dos Santos (2019).
Quadro 1 – Diferença entre Educação do Campo e Educação Rural
Educação do
Campo |
Educação Rural |
Educação que
considera a vida, aspectos sociais, culturais, ambientais, políticos,
econômicos, de gênero,
geracional e de raça e etnia dos povos do campo. |
Mesma modalidade
de educação oferecida às populações da área urbana, com apenas pequenas
mudanças. |
Estudo associado
com o trabalho que o camponês desenvolve com a terra, o que estimula a participação
da comunidade. |
Estudo
desarticulado do trabalho que o camponês desenvolve com a terra. Não se
relaciona com a forma de viver e
produzir da comunidade. |
Formação
adequada para lidar com a realidade do campesinato. |
Formação geral,
sem considerar as Especificidades do campo e o ensino multisseriado. Formação
para o capital. |
Valorização do
homem do campo, busca por emancipação dos sujeitos. |
Concepção
preconceituosa acerca dos povos do campo e de sua forma de produção. |
Tem por base a
cooperação, está inserida num projeto popular de sociedade. |
Relacionada ao
capital e ao agronegócio,segue a lógica neoliberal de individualismo e competição. |
Envolvimento da
comunidade na construção da proposta de educação. |
Proposta de
educação verticalizada, vinda de “superiores” (organismos internacionais,
Estado, Secretarias de
educação, setores privados) para as escolas. |
Fonte: Santos, V. P. (2019).
Assim,
se constitui a perspectiva de uma educação que seja “no e do campo. No: o povo
tem direito de ser educado no lugar onde vive; Do: o povo tem direito a uma
educação pensada desde o seu lugar e com a sua participação, vinculada à sua
cultura e às suas necessidades humanas e sociais”. (CALDART,2004, p. 18) A
escola do campo que queremos tem a ver com o modo de vida dos trabalhadores do
campo.
O
modelo da educação rural embora seja ela muito presente no campo brasileiro não
tem a ver com o modo de vida dos mesmos pois ela está a serviço do capital no
agronegócio que resulta no esvaziamento do campo no fechamento das escolas e a
expulsão dos camponeses de seus territórios. Como relata as pesquisas
desenvolvida no livro Reflexão sobre Políticas Públicas Repositório, a partir
do capitulo 4 que evidencia os dados da pesquisa de mestrado desenvolvida pelas
UESC e UESB. Que traz os dados Quantitativo de Escolas e a Educação do Campo (2015-2018) no Brasil, e na
Região Nordeste e nos municípios onde foi realizado a pesquisa, também os
números de Matrículas do Brasil na Educação do Campo por etapas de ensino
juntamente com a diminuição das matriculas no Brasil.
Diante
dos desafios enfrentados pelas escolas do campo, o protagonismo dos movimentos
sociais e as suas resistência e contribuições para a efetivação da Educação do Campo
trazemos aqui a experiência de Educação do Campo nas Escolas de Família
Agrícola – EFA. Que tem se colocado com
alternativa de enfretamento a dura realidade impostas pelas políticas
neoliberais. As EFAs no Brasil
desenvolvem a Educação do Campo pensada e refletida com educadores comprometido
com realidade e os interesses dos agricultores familiares, a dialética da
história e as memorias coletivas do campo. “Escolas Família Agrícolas (EFAs) no
Brasil, enquanto um modelo que está inserido no movimento de Educação do Campo
que é uma proposta de resistência ao modelo educacional oferecido pelo Estado’’
(PINTO e GERMANI 2012, p. 5)
As EFAs tem como desenvolve sua formação de
forma integral fundamentada e quatro componente formação integral, pedagogia da
Alternância, e o associativismo local que proporciona a integração dos
agricultores e agricultoras membros das famílias dos alunos que dela participa
que se organiza por meio de uma associação que administra a escola.
Livro : Políticas Públicas Educacionais para o Campo no contexto brasileiro. Editora Edufba
Referência
CALDART, Roseli. Educação Do Campo: Notas Para Uma Análise De Percurso. un.2009
CALDART, R. S. Educação do campo: traços de uma identidade em construção.Petrópolis: Vozes, 2004.
PINTO, Manuela;
GERMANI, Guiomar;. ESCOLA FAMÍLIA
AGRÍCOLA: UM MODELO AUTOGESTIONÁRIO. Uberlândia Minas Gerais- Outubro 2012.
SANTOS, Arlete; NUNES, Claudio´. Reflexões sobre políticas públicas educacionais para o campo no contexto brasileiro - Salvador: EDUFBA, 2020.
SAVIANI, D. Pedagogia
histórico-crítica: primeiras aproximações. 10. ed. Campinas: Autores
Associados, 2009.
SANTOS, V. P. dos.
A distorção idade-série nas escolas do campo: um estudo sobre os anos
iniciais do ensino fundamental no município de Nazaré-Ba. 2019. Dissertação
(Mestrado Profissional em Formação de Professores para Educação Básica) -
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2019.
As publicações nos traz importantes reflexões sobre a criatividade do camponês e as belas histórias da vida do campo. Nesta, há um destaque sobre a falta de autonomia entre proprietário da terra e empregado, o que remonta ao semi-feudalismo destacado por José de Souza Martins. As EFAs nos traz uma forma de pensar a educação do campo que pode subverter essa lógica de dominação e exploração.
ResponderExcluirAs publicações dessa semana trouxeram de forma dinâmica e objetiva conceitos que são as bases para compreensão e defesa da Escola do/no Campo, nos quais a "educação" está para além dos muros da escola. Os processos de aprendizagem permeiam todas as relações dos campesinos, por isso é de suma importância que os espaços de aprendizagem valorem e respeite essas especificidades. A luta pela escola do/no Campo precisa ser conhecida e reconhecida.
ResponderExcluirAs reflexões trazidas pelos colegas abarcam discussões de extrema importância para um repensar no projeto de educação do/no campo, como prática concreta está o modelo da pedagogia da alternância como um viés concreto da educação que se almeja para os camponeses e camponesas, alternativa esta de construção e afirmação de cidadania não apenas para os seus participantes, mas destes que trazem seu contributo e que pode se somar a outras práticas libertadoras do fazer educação no/do campo.
ResponderExcluirEssas reflexões sobre o campo são muito importantes, porque a escola no campo, hoje ela está se igualando com a cidade em termos de aprendizagem e profissionais
ResponderExcluirA publicação de hoje nos remete compreender de forma objetiva qual a diferença entre educacdo do campo e educação rural, além disso,desconstruir sobre a educacdo no campo que é pensada somente das instancias altas (secretaria de educação, diretores e coordenações) para as escolas em que pais e alunos não sâo inseridos na construção de seus PPP. Outro dado relevante apontado pelas colegas é pensar que a educação do campo é aquela que é realizada no espaço do aluno sendo integrado a sua realidade.
ResponderExcluirAdorei saber mais sobre as EFAS já conhecia mas não com tanta profundidade do seu surgimento como foi elucidado no seu texto.
Reflexões como esta nos ajuda a compreender e fazer a diferenciação de educação do campo e educação no campo.
ResponderExcluirA primeira é uma educação pensada para o campo, sobre o campo, e a segunda é uma educação vinda da secretaria para ser aplicada no campo, ou seja, de cima para baixo.
Ao pararmos pra analisar “o paradigma latino-americano” em que são destaques as formas organizadas dos movimentos sociais: as identitárias, aquelas que buscam o respeito aos direitos, econômicos, políticos, sociais e também culturais; a segunda forma são os movimentos de luta. Estes, segundo a autora, buscam qualidade de vida e de trabalho, seja na zona rural ou urbana. O importante é ter os seus direitos preservados quanto à moradia, alimentação, saúde, transportes, lazer, emprego, salário dentre outros; na terceira forma, os movimentos voltados para as redes sociopolíticas e culturais . Daí, a importância de lutarmos pelo fortalecimento das políticas públicas na Educação do/no Campo.
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=nfluK4NkOgo&ab_channel=AlfredoPessoa
ResponderExcluirEm contraste com a história da Roça Encantada em "que todos foram felizes para sempre", compartilho a historia da Saga de Severini, em que narra poeticamente uma situação ainda muito comum no campo, essa expropriação histórica do trabalhador e dos meios de produção e consequentemente do fruto do seu trabalho composição de Vital Farias e que pode ser apreciada no álbum cantoria 2.
Peço a atenção dos senhores
Pra história que eu vou contar
Falo de Severinin lavrador tão popular
Que morava numa palhoça
E cultivava uma roça perto de Taperoá
E Severinin todo dia lavrava a terra macia
E terra lavrada é poesia
Mexe com mão na terra
Sobe esta serra corta esse chão
Planta que a planta ponte
Por esses montes plante algodão
Severinin vivia até feliz
Enchendo os olhos com bem d'rais
E mesmo a plantação tava bonita em flor
E ao seu lado sua companheira
Tinha o seu amor
Mas como diz o ditado e haverá de se esperar
Depois de tudo plantado
Fazendeiro pede pra Severinin desocupar
Já tinha até fruta madura
Jirimum enrramando no terreiro
E tinha até um passarinho
Que além de ser seu vizinho
Ficou muito companheiro
Chega tanta incerteza
A alma presa quer se soltar
Luta, luta sozinho
Qual o caminho de libertar
Severinin ficou sozinho e só
Ingratidão não pôde suportar
Correu para o sul
Aí a construção se viu
De uma vez por todas
De uma vez por todas
Desabar
A definição de Educação do Campo é tão importante quanto de educação rural, principalmente no sentido de desvelar o contexto e as práticas em que aquela e esta se desenvolveram/desenvolvem e como no contexto atual aquela tem sofrido perca das politicas públicas conquistadas e como esta tem avançado para o seu “retorno” legal para dentro das escolas do campo. Precisa-se compreender e evidenciar o que de fato é cada uma dessas práticas de luta e confronto, no contexto de desmonte que vivenciamos as cooptações e o uso pelo estado neoliberal de muitos termos da Educação do Campo para legitimar no imaginário social os interesses do capital e através da educação e de políticas diversas, o que no texto da professora Arlete Ramos Santos e Claudio pinto Nunes vem denominado de “revolução educacional gerenciada”. E mais, precisamos ter toda a fundamentação do que se trata uma e outra, para na efetivação das nossas práticas sociais, seja no ensino, na pesquisa ou na militância saibamos superar as competências operacionais da BNCC, por meio da efetivação das competências críticas, ou seja, da ressignificação “in locu” dos conteúdos da BNCC considerando os saberes da prática social numa dialética com os saberes sistematizados. Já diz o título dessa postagem Uma Educação que se preze, não pode ignorar o chão que pisa! E também, jamais pode ignorar que o acesso ao saber sistematizado é uma das condições para fortalecer a luta dos explorados, e favorecer a reflexão crítica sobre suas condições.
ResponderExcluir🌻🌱🌵
ResponderExcluirAs reflexões trazidas são de suma importância para compreendermos o contexto da política educacional no Brasil atualmente, especialmente a proposta de Educação do Campo defendida pelos movimentos sociais, e a compreensão da Educação Rural, que está posta e é implementada nas áreas rurais pelos órgãos e instituições públicos. São muitos desafios a serem enfrentados para a efetivação da Educação do Campo, porém, desde seu nascimento até os dias atuais, houve grandes conquistas e muitos passos foram dados em direção a um outro projeto societário, diferente do projeto hegemônico, o qual impera os preceitos do agronegócio e a implementação de políticas que não levam em consideração as especificidades do homem e da mulher do campo, como é o caso da BNCC - Base Nacional Comum Curricular na efetivação da política educacional na atualidade brasileira. 🌻🌱🌵
Parabéns aos colegas pela publicação, as postagens nós leva a refletir sobre a importância de valorizar o povo campesino, valorizando a educação escolar do Campo.
ResponderExcluirToda a publicação dos colegas foi muito interessante, pois nos possibilita refletir, dentre outras coisas, sobre que tipo de educação é ofertada ao povo campesino. Aqui em Correntina-BA, por exemplo, temos três contextos diferentes, pois contamos com uma Escola Família Agrícola, que oferta a educação do campo, temos as outras escolas que ofertam a educação no campo e temos, ainda, uma escola no campo que sofre influência do agronegócio, inclusive com investimentos feitos através de parceria público-privado, assunto tratado no livro: Reflexões sobre políticas públicas educacionais para o campo no contexto brasileiro.
ResponderExcluirAssim, concordo com a colega Maísa quando ela diz que ainda há muitos desafios para que a educação do campo seja efetivada de fato e, para mim, o desafio maior é barrar a entrada do modelo de educação defendido pelo agronegócio, pois esse modelo tem o poder político e econômico a seu favor e, por isso, consegue introduzir seu projeto hegemônico.
As reflexões e narrativas trazidas por esta equipe, nos ajuda a entender com mais propriedade, as diferenças eminentes entre educação Rural e Educação do Campo. Deste modo a Educação do Campo tem concepções educacionais diferentes da Educação Rural, sendo a primeira uma proposta consagrada por diversos movimentos sociais. A educação rural tem sua origem no pensamento dos ruralistas, que controlam as políticas educacionais como forma de subordinar os camponeses, determinando como deveriam pesar o seu mundo, “civilizando-os” de acordo com a visão ruralista. A proposta da educação rural não acolhia as necessidades básicas dos camponeses, nesse pressuposto a educação oferecida vinha de encontro com o real objetivo.
ResponderExcluirEm resposta a essa problemática, os movimentos sensibilizaram-se e com longas e intensas caminhadas para colocar o campo na agenda pública, tentando mudar o preconceito que se apresentava com a educação meio rural, fazendo uma redefinição no conceito de educação rural para Educação básica do Campo.
Destarte, a educação do campo é uma modalidade educacional de representatividade e fortalecimento do homem do campo, ligado ao processo identitários com o espaço, a cultura e como sujeitos de direitos.
Em 2009, tive a oportunidade de conhecer a experiência de uma Escola Família Agrícola no município de Anagé. Foi um dia que nunca deixou de habitar minhas memórias quando se fala em Educação do Campo. Pude presenciar o lindo movimento dos alunos no tempo-escola, conversar com eles e sentir em seus depoimentos o forte sentimento de pertença aos seus locais de origem, os campos de municípios circunvizinhos tendo, inclusive, a presença moradores da zona rural daqui de Vitória da Conquista (distrito de Bate Pé). Diante da realidade visitada e baseado nos estudos realizados acerca do tema (Pedagogia da Alternância) à época, pude elencar alguns pontos que mereceram destaque:
ResponderExcluir1. Em todos os tempos foram feitas análises a respeito do homem e sua capacidade de aprender e de se educar, pois a educação é um processo vital de desenvolvimento e formação da personalidade. Assim, pode-se dizer que esse processo começa na família, continua na escola e prolonga por toda a existência humana;
2. A Pedagogia da Alternância acredita que a experiência coletiva é o elemento essencial da verdadeira aprendizagem: crítica e dialética. Esta é uma proposta que visa buscar um diálogo sobre a socialização do conhecimento, a valorização da cultura popular e o aprofundamento científico e aprimoramento do conhecimento em resposta às mudanças ambientais;
3. Ao discutirmos o percurso de ensino e aprendizagem, é importante considerar todos os tópicos envolvidos na ação educativa e entender que esta é uma ação mutuamente benéfica, com diferentes intenções e motivações e, muitas vezes, é diferente. Professores e alunos podem ou não ter os mesmos objetivos e perspectivas. Isso só pode ser determinado por meio de uma análise crítica dos resultados e da autorreflexão da práxis pedagógica ação-reflexão-ação;
4. A sala de aula é um excelente espaço interativo, proporcionando a professores e alunos possibilidades educacionais ilimitadas. Basta que ambos estejam dispostos a experimentar novas experiências de ensino;
5. Por fim, a grande contribuição da Pedagogia da Alternância para as escolas rurais é a unidade de conhecimento e ação, aproximando as escolas ao meio e os alunos à comunidade. Nesse sentido, a ação educativa não se limita apenas à relação professor-aluno em sala de aula, mas também ultrapassa os muros da escola, tendo como referência a relação com pais, associações de produtores e lideranças comunitárias. Estes são parâmetros de conhecimento e competências.
Shirley Lauria
A publicação realizada esta semana, atreladas a leitura do livro Reflexões sobre Políticas Públicas Educacionais para o Campo no Contexto Brasileiro, dos autores Arlete Ramos e Cláudio Nunes, nos fazem refletir sobre a função do Estado.
ResponderExcluirConforme Santos e Nunes, o Estado tem se reestruturado para atender aos preceitos da política neoliberal. Isso torna-se perceptível através da formulação da BNCC, a qual é construída sob a lógica empresarial, bem como, na pedagogia das competências, que legitima a aprendizagem individual, de maneira que responsabiliza o aluno pelo "sucesso" ou "fracasso" escolar. Neste sentido, a BNCC pauta-se em uma lógica meritocrática, de modo que ignora fatores como, por exemplo, a falta de investimentos em políticas educacionais.
A publicação dessa semana nos faz refletir sobre a importância da educação do campo, a qual visa à formação do/a campesino/a, valorizando o espaço em que vive. É o reconhecimento dos sujeitos do campo como participantes do processo do ensino da sua própria história. Além disso, a educação do campo utiliza uma metodologia específica para o homem e a mulher do campo em seu lugar, mobilizando estratégias para o desenvolvimento de atividades sustentáveis que envolvam toda a comunidade campesina.
ResponderExcluir